Numa cidade com uma Escola Superior de Artes e Design seria impensável não nos interrogarmos acerca das relações possíveis entre a poesia e os campos da criação em que técnica e estética concorrem ao serviço do funcional. Duvidamos que exista por cá alguém mais habilitado a falar-nos dessas relações do que Rosa Alice Branco, poeta, ensaísta e tradutora com obra vasta e multímoda. Estamos a pensar, por exemplo, em “Traçar um Nome no Coração do Branco” (Assírio & Alvim, Maio de 2018), volume de poemas onde design e poesia se encontram, aproximam e misturam de um modo deveras original. Há razões para que assim seja. Rosa Alice Branco (Aveiro, 1950) doutorou-se em Filosofia Contemporânea, dedicando-se profissionalmente à Neuropsicologia da Percepção e à Estética. Desenvolveu a sua carreira de docente na Escola Superior de Artes e Design, sendo, como investigadora, membro do Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura. Estreou-se na poesia com “Animais da Terra” (Limiar, 1988). Venceu diversos prémios internacionais, entre eles o Prémio de Poesia Espiral Maior, em 2008, com “Gado do Senhor” (&etc, 2011). A versão inglesa deste livro foi considerada pela Chicago Review of Books uma das 12 melhores obras de poesia publicadas nos EUA em 2016. O seu mais recente livro de poesia intitula-se “Amor Cão e outras palavras que não adestram” (Assírio & Alvim, 2022). Como tradutora, traduziu, entre outros, Jean Portante, para a Editora Exclamação, e Marcin Sendecki nas traduções colectivas da Casa de Mateus. “As Cores das Coisas – Viagem Pela Natureza e Pelos Objetos” (Contraponto, 2022) é o seu ensaio mais recente. Neste último livro reflecte o poder da cor na sua relação com as emoções, respondendo a questões aparentemente triviais como em que medida as cores se ligam com a história da Lego ou a retórica dirigida aos sentidos nas cores de um vinho. Prevê-se, portanto, um Abril multicolorido na próxima sessão de Diga 33 – Poesia no Teatro. Poesia, design, cores, serão certamente temas sobre uma mesa onde caberão leituras de poemas da autora convidada, partilha de experiências, viagem por um percurso rico e profícuo, numa conversa, como sempre, aberta a quem nela pretenda intervir.
Para mais informações: http://www.teatrodarainha.pt/ 262 823 302|966 186 871 De segunda a sexta, das 9h às 18h, e dias de espectáculo até às 20h.