Tropa Macaca A impossível catalogação da música da Tropa Macaca é resultado de um percurso de tal forma pessoal, de uma procura tão pura, tão focada, de uma diluição tão total das possíveis fontes, referências e inspirações, que nada resta senão o próprio objecto, o próprio som. Com o novíssimo álbum “Ectoplasma” acabado de sair pela Software, editora de Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Forever), e já depois da edição de “Sensação de Princípio” pela mítica Siltbreeze, o duo, originário de Santo Tirso mas radicado em Lisboa, dá mais um passo rumo a uma nova possibilidade de música, onde a organicidade do método casa com uma estética cujos pontos de referência habituais são eminentemente mecanicistas. A inclassificabilidade não é, por si só, garantia de mérito artístico ou de um lugar no trono dos visionários, mas a verdade é que André Abel e Joana da Conceição são, sem qualquer sombra de dúvida, viajantes únicos pelo milagre do som. Pedro Lopes Pedro Lopes é um músico português residente em Berlim, com um vasto currículo de colaborações com nomes como Carlos Zíngaro, Reinhold Friedl, Dj Sniff, Pedro Sousa ou Miguel Sá, entre muitos outros, num percurso enriquecido ainda por um envolvimento com a radio art que o levou já a produzir peças para a Transmediale de Berlim, a Fundação de Serralves ou o Goethe Institut. Fazendo do seu instrumento, o gira-discos, veículo para um discurso de experimentação de tom analógico, com recurso a amplificadores, discos de prensagem caseira, agulhas modificadas e objectos percussivos, Pedro Lopes é um dos mais interessantes e inovadores representantes da música exploratória nacional. Pop Dell'Arte Há pouco, muito pouco, de não-dito acerca dos Pop Dell’Arte: responsáveis, talvez máximos, pelo rasgar das avenidas do pensamento livre na música em Portugal, ainda hoje percorridas de alto a baixo (tantos de nós crescemos a ouvir a expressão “tipo Pop Dell’Arte” como quase sinónimo para experimentalismo, estranheza, liberdade) , a sua importância e influência não é certamente comensurável ou adequadamente expressa por palavras, mas antes pelo crescente fervilhar criativo a que felizmente assistimos ainda pelo país. Sem eles, não existiria talvez Rescaldo, não existiria este panorama de criação livre que orgulhosamente celebramos – existiria talvez outro panorama, se realidades paralelas sobrevivessem – mas o facto é que a música de João Peste e respectivos companheiros de viajem instaurou, ela mesma, uma capacidade de criação à margem do real do quotidiano e do mainstream, para além do plano da mera possibilidade. Tendo lançado o último trabalho de originais, “Contra Mundum”, em 2010, a própria permanência da sua necessidade de criar, evoluir e partilhar é facto incontornável na contemporaneidade nacional. Bilhete: 6€ Informações e reservas: culturgest.bilheteira@cgd.pt ; info.rescaldo@gmail.com