A exposição coletiva Prata da Casa acontece em três galerias e é um retrato de uma zona da cidade feito por um conjunto de artistas e fotógrafos em torno do espaço que habitam e partilham. Em contraponto às ruas e praças desertas, um olhar sob o prisma da urgência de estar em comunidade.
Prata da Casa é o resultado de um olhar atento sobre um território geográfico e humano, numa zona particular de Lisboa que nos últimos anos tem vindo a sofrer uma profunda alteração demográfica. O contexto pandémico não esteve na origem do projeto, mas acabou por marcar o seu ritmo, não só na fase de recolha, mas agora também no momento da sua visibilidade pública. No total, apresentam-se 8 perspetivas: são tiradas da janela de casa com vista para a rua vizinha ou para uma linha de horizonte física ou imaginária, enquanto o fluxo de vidas aguarda pelo fim desta suspensão. É a banda sonora da cidade, filtrada dos ruídos habituais da agitação diária. São os pequenos detalhes das ruas e dos prédios tão familiares mas quase impercetíveis na malha urbana. São diálogos transcritos a respeito dos efeitos da pressão imobiliária sobre uma população cada vez menos residente. São retratos de gente que aí trabalha, uns herdeiros de pequenos negócios em extinção, outros recém-chegados de outras paragens. São releituras de imagens de gente anónima de outras épocas, recuperadas ao baú da história e à ligação desta geografia com outras latitudes. São registos singulares e atuais de uma paisagem em mudança, mas também em volta do passado histórico e multicultural evocado pela toponímia desta parte da cidade de Lisboa, conhecida como Bairro das Colónias.
Algumas das imagens produzidas foram postas em cartazes e colocadas nas montras de lojas, cafés e outros espaços comerciais do bairro, e estão desde janeiro à vista da população residente nas suas curtas e rápidas saídas à rua ao longo destes meses de confinamento. Esta solução apresentou-se como o modo mais acessível e democrático de dar a ver durante todo o tempo em que não foi possível expor em galeria, funcionando também como elo de contacto com os comerciantes enquanto os seus negócios permaneceram encerrados. Alguns estão retratados diretamente, outros revêem-se no traço urbanístico, histórico, social, desconfinado com que as gentes e recantos que conhecem surgem nestas imagens.
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