Queima do Judas 2021: espetáculo de rua de Vila do Conde ganha novos formatos e novos palcos
Na sua 16ª edição, a Queima de Judas de Vila do Conde preparou uma programação que transita da rua para as plataformas digitais e para as casas das famílias, numa edição comunitária inédita.
A tradicional Queima de Judas, espetáculo performativo de rua em Vila do Conde, ganha, este ano, novos palcos: as casas de todas as famílias que quiserem participar neste ritual comunitário de celebração. O contexto de confinamento trouxe a oportunidade de criar novos formatos, que incluem uma radionovela e uma forte envolvência comunitária, em que todos são convidados a intervir na criação e na performance artística.
A programação, que se estende de 12 de março a 3 de abril, tem como tema a liberdade na criação, procurando refletir sobre as fronteiras da arte. A edição presta homenagem ao poeta vilacondense Armando Ramalho (1959-2017), figura acarinhada da cidade, que deixou escritos espalhados por mesas de cafés, cadernos, guardanapos e que a organização irá homenagear, com textos de vários poetas e artistas, na fanzine “Sentença”. Esta é a segunda publicação desta “revista”, que teve estreia, na Queima do Judas em 2012.
E nesta representação da arte enquanto manifestação empírica, esta 16ª edição terá uma forte componente comunitária, que se iniciou no ano passado em que organização teve que adaptar rapidamente o formato às regras de confinamento, e ganha agora novos contornos, a começar pelo “Kit Judas Família”, uma iniciativa de celebração coletiva. A ideia é convidar as famílias a criar flores-catavento e as colocar na varanda, nas semanas que antecedem o evento, como símbolo de renovação e de um novo ciclo, que a cerimónia da Queima do Judas representa.
As famílias são também convocadas a fazer parte da criação do espetáculo, que acontece a 3 de abril, véspera da Páscoa, criando o seu próprio “Judas no Quintal” e cumprindo o ritual na sua varanda, terraço ou quintal, que poderão partilhar através de fotografias e vídeos nas plataformas digitais.
Neste dia, 3 de abril, que assinala o culminar da celebração, será apresentada uma recriação de uma radionovela, uma das grandes novidades desta edição, que irá envolver coletividades do concelho de Vila do Conde, atores e músicos, numa narrativa teatral sonora, em tom de sátira humorística, característica da Queima do Judas de Vila do Conde.
À meia-noite, como é tradição, será emitida a Queima e Leitura do Testemunho de Judas, nas mesmas plataformas digitais do evento (Youtube, Facebook e Instagram). Também numa lógica colaborativa e comunitária, o testamento é resultado de contributos anónimos da população, através de textos e depoimentos, que servem de inspiração para o texto final do Testamento de Judas. Dentro das regras sanitárias, a performance pretende manter o envolvimento de voluntários e colaboradores informais, em colaboração com o núcleo da equipa artística e técnica que acompanha este projeto ao longo de vários anos.
Adaptada ao “novo normal”, a programação terá uma forte componente digital, arrancando a 12 de março, com uma conferência online sobre Arte e Comunidade, que irá reunir três representantes de projetos artísticos comunitários: “Um Porto para o Mundo”, também de Vila do Conde, MEXE Encontro Internacional de Arte e Comunidade e Fértil - Associação Cultural. Ao longo das semanas, serão também publicados, nas plataformas digitais do evento, vídeos performativos de homenagem ao poeta Armando Ramalho, com a participação de vários músicos e autores.
Pelas ruas, palco habitual do espetáculo e de forma a assinalar esta edição em formato adaptado, será instalada uma escultura do “Boneco do Judas”, em cinco locais da cidade, ainda por revelar.
Fonte: https://www.cm-viladoconde.pt/pages/657?event_id=2749