O Município de Gaia continua a desafiar intérpretes de diferentes estilos musicais e respetivas equipas técnicas, levando-os a refletir sobre o local certo para a música, quando os auditórios estão impedidos de receber o público, adaptando-se, assim, à dramática alteração de hábitos sociais imposta pelo Covid-19, sentida de forma particularmente dolorosa no setor cultural.
Nas anteriores edições dos "Concertos no Sítio Certo”, David Bruno, Carlão e António Zambujo, entre muitos outros nomes, guiaram-nos numa visita por diversos sítios de Gaia, para muitos ainda desconhecidos. Agora, somos convidados a entrar na intimidade criativa dos artistas, que nos abrem as portas dos seus estúdios, apresentando um espaço que tanto pode ser um laboratório de experiências sonoras, como uma oficina de construção de canções, mas que também pode ser o sítio certo para um concerto!
Embora venham de diferentes latitudes e tenham experiências distintas, Frankie Chavez e Peixe estão unidos pelo seu trabalho com a Guitarra. O seu primeiro trabalho discográfico em conjunto foi editado em janeiro de 2019, tendo sido considerado um dos melhores discos nacionais pela imprensa e nomeado para melhor álbum independente europeu do ano pela crítica da especialidade.
Participaram em janeiro de 2020 no Festival Eurosonic em Groningen, onde foram bastante aplaudidos e foram também vencedores para melhor tema popular pela SPA com a música "Guitarras”.
Peixe começou a dar nas vistas há mais de vinte anos, ao assinar o som musculado e inconfundível dos míticos Ornatos Violeta, mas isso foi só o princípio de uma longa e rica viagem. Seguiram-se os Pluto, as experiências delirantes dos Zelig, as mais do que muitas colaborações e o resultado de todo o estudo e exploração das possibilidades do seu instrumento de eleição em dois grandes discos a solo – "Apneia” e "Motor”.
Frankie Chavez tem-se afirmado, desde que se estreou em 2010, como um dos mais estimulantes músicos da sua geração. Inspirado pelo Folk, pelos Blues e pelo mais clássico Rock tem levado – quer sozinho, quer acompanhado – a sua música cada vez mais longe, tudo muito à custa da relação singular que desenvolveu com aquilo que foi sempre o princípio de tudo: a Guitarra.
A música dos Miramar é rica, sem nunca ser excessiva. É coerente, sem nunca ser repetitiva. É uma estrada que se percorre de forma contemplativa e que ora serpenteia até ao cume da mais alta montanha, ora se deixa ir planante, pelo calor preguiçoso do deserto, mas sempre a levar mais longe o som daquelas cordas que ressoam em diferentes caixas, com ou sem electricidade, e sempre como se os dois aqui fossem apenas um.
Os Miramar planeiam já o lançamento do seu segundo disco de originais, um trabalho cujas gravações surgiram no período de confinamento de 2020, onde os artistas passaram parte dele em conjunto a criar, novamente na terra que apadrinha o projeto: Miramar (Vila Nova de Gaia).
Fonte: https://www.cm-gaia.pt/pt/eventos/miramar/