Uma lâmpada ilumina a sala intermitentemente, entre um estado de preenchimento de luz total e um outro em que a mesmo se ausenta para dar lugar à escuridão. As variações de luminosidade e de cor que vão ocorrendo, entre os dois momentos extremos referidos, possibilitam diversas formas de perceção do espaço e das obras expostas, pinturas de paisagens imaginadas. Ao espectador é assim dada a possibilidade de projetar estados de emoção e imagens mentais, ou “paisagens emocionais”, que se intercalam com as imagens facultadas pelas obras expostas. Simultaneamente, a passagem, entre a aferição visual e a perda das coordenadas de perceção retiniana, sinaliza uma transição entre a externalização pública e a internalização privada do corpo. A luz expõe os seus movimentos e a construção discursiva perante outras pessoas, num tom que pertence ao quotidiano; a escuridão, embora possa ser desconfortável, dá espaço à expansão do íntimo e a momentos de introspeção, sem necessidade de estar a calibrar comportamentos e estruturas racionais perante terceiros. É nos intervalos entre estes dois estados molares que se procura desdobrar a reflexão fenomenológica do espetador, seja a partir da sua apreensão corporal ou da mental, mantendo em aberto as ressonâncias entre ambas.
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