Jardim Botânico da Universidade de Coimbra
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17H00 – 20H00 Jardim Botânico da Universidade de Coimbra UMA VIAGEM MUSICAL (A TRÊS TEMPOS) PELOS 730 ANOS DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Evento musical Muito importante: Entrada gratuita, sujeita a uma lotação limitada e mediante aquisição prévia de ingresso em bol.pt [https://bit.ly/SonsdaCidade] O acesso ao Jardim Botânico da UC encontra-se condicionado (no cumprimento das orientações da DGS) mediante aquisição prévia de ingresso e validação à entrada. 1º Momento A ARTE DE TROVAR, por Ricardo Leitão Pedro (canto al liuto) A mais antiga referência a um cancioneiro trovadoresco galego-português encontra-se no testamento do conde D. Pedro de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis e também ele trovador. Datado de 30 de Março de 1350, nele D.Pedro refere um seu “livro de cantigas” que deixa ao seu sobrinho, o rei Afonso XI de Castela. Que cantigas conteria este livro é-nos desconhecido, e a sua possível relação com os códices de lírica galega-portuguesa que possuímos é ainda matéria de debate entre os especialistas. As cantigas galego-portuguesas constituem um espólio relativamente vasto e diversificado (cerca de 1680 cantigas de vários géneros) que encontrou nas cortes de Castela-Leão e Portugal não só um grande apoio e patrocínio, mas também uma participação activa por parte dos grandes senhores medievais ibéricos: entre um conjunto de autores que inclui uma parte significativa da nobreza da época, o rei Afonso X e o seu neto o rei D. Dinis contam-se entre os maiores poetas peninsulares em língua galego-portuguesa. Não foi até 1990 que veio a público a importante descoberta de um fragmento contendo sete cantigas dʼamor do rei-trovador e fundador da Universidade de Coimbra, D.Dinis, com a respectiva notação musical. Apesar das importantes lacunas que apresenta, o pergaminho Sharrer (nomeado em homenagem ao musicólogo responsável pela sua descoberta) constitui a mais antiga fonte de música profana de origem portuguesa e permanece o único exemplo sobrevivente da música acompanhante de poesia do rei português. As sete cantigas foram alvo de um aprofundado estudo e reconstrução melódica por Manuel Pedro Ferreira no livro “Cantus Coronatus” publicado em 2005. O programa preparado especialmente para esta ocasião é centrado numa selecção das cantigas de D. Dinis, rodeadas por cantigas de Santa Maria da importante compilação do seu avô Afonso X e de cantigas dʼamigo do jogral Martin Codax, incluindo assim exemplos das três fontes musicais sobreviventes de lírica galego-portuguesa. Ricardo Leitão Pedro Ricardo Leitão Pedro (n. 1990) é um dos raros músicos de hoje dedicado à prática histórica do canto al liuto, acompanhando-se com diferentes instrumentos de corda dedilhada (alaúde medieval e renascentista, teorba, guitarra barroca). Após concluir a licenciatura em música antiga na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE, Porto), que incluiu uma passagem pelo Conservatório de Lyon, Leitão Pedro rumou para a Suíça para estudar na prestigiada Schola Cantorum Basiliensis, licenciando-se aí em alaúdes medievais e renascentista e concluindo o mestrado em canto. De lá para cá, tem mantido uma preenchida agenda de concertos, sendo membro dos ensembles Concerto di Margherita e I Discordanti e colaborando com diferentes ensembles e orquestras como cantor e alaúdista (Orquestra XXI, Coro Casa da Música, Capella Sanctae Crucis, entre outros). 2º Momento ECOS DA COIMBRA HUMANISTA: Os tesouros musicais conimbricenses dos séculos XVI e XVII pel'O Bando de Surunyo Ana Vieira Leite soprano Raquel Mendes soprano Helena Correia soprano Carlos Meireles tenor Sérgio Ramos barítono Carmina Repas Gonçalves viola da gamba Hugo Sanches alaúde e direcção A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra custodia um valiosíssimo património imaterial de suma importância para a história da cidade, do país e da própria Europa. Os manuscritos e impressos do vasto fundo musical da BGUC, para além do seu inestimável valor documental e filológico, são eloquentes retratos das épocas que os produziram, abrindo como que janelas no tempo que proporcionam um vislumbre de como se olhava e sentia o mundo em tempos passados. Apresentamos aqui uma viagem pelos universos sonoros e poéticos da Coimbra dos séculos XVI e XVII. A música que agora silenciosamente repousa em páginas amareladas nas prateleiras da BGUC, soava então em diferentes e variados contextos. Ora integrada na devoção litúrgica, ora associada ao teatro, ora em contexto privado, o objectivo da arte das musas era transversal a todos: o de impactar afectivamente os que a escutavam. Construída em torno do texto, a música procurava não só ilustrar o conteúdo literal e simbólico deste, como também potenciá-lo através da sua própria capacidade intrínseca para provocar emoções. Percorreremos, neste nosso programa, uma variada paleta de registos poético-musicais, representativos das temáticas prevalentes da época, da reverência à comédia, do desengano à esperança, do amor terreno ao divino. Volvidos tantos séculos, esta música e poesia retêm uma vitalidade e beleza capazes de nos surpreender, divertir e comover. Num mundo cosmopolita e em permanente mudança como é o nosso, o retrato sonoro que aqui apresentamos, de uma época também ela em grande alvoroço político, filosófico e religioso, afigura-se pertinente e actual. É uma música na qual não só observarmos as sementes da nossa própria modernidade, como também, através do universo estético plural e ecléctico que revela – onde as fronteiras entre o antigo, o novo, o sacro e o profano se esbatem –, temos muito a aprender. Hugo Sanches O Bando de Surunyo é um ensemble especializado na interpretação de música dos séculos XVI e XVII nascido no seio do projecto Mundos e Fundos do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O nome é retirado de um vilancico seiscentista português e significa “bando de estorninhos”. O ensemble é a frente interpretativa e laboratorial de um projecto multidisciplinar que incide particularmente sobre repertório inédito albergado por fontes portuguesas, apresentando em quase todos os seus concertos obras inéditas em primeira audição moderna. O Bando de Surunyo é dirigido por Hugo Sanches, doutorado com distinção e louvor em Estudos Musicais pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, mestre e licenciado em Interpretação Musical (música antiga - alaúde) pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE, Porto), e pós-graduado em psicologia da música pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Reparte a sua actividade entre a interpretação, o ensino e a investigação, especializando-se em música dos séculos XVI e XVII nos domínios tanto da prática interpretativa, como da teoria e pensamento estético e filosófico. É professor no Curso de Música Antiga da ESMAE e na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É ainda investigador do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde se dedica sobretudo ao estudo, edição e interpretação do repertorio musical ibérico inédito do século XVII. 3º Momento TOMAR O PULSO AO PRESENTE Ghost Hunt Pedro Chau baixo elétrico Pedro Oliveira eletrónica Os Ghost Hunt são um duo electrónico composto por Pedro Chau (baixista dos The Parkinsons) e Pedro Oliveira (outrora conhecido do circuito noise como Monomoy) e, aqui, comandante da banda na alquimia sonora através de caixas de ritmo e sintetizadores variados. A sonoridade da dupla consegue baralhar as coordenadas espaço-tempo, soando tanto ao espaço sideral de amanhã, como à Alemanha de Leste repetitiva dos 70s; ou tanto à cena clubbing de Detroit como ao ninho de uma Factory Records. Formados em 2015, a parelha lançou no ano seguinte o primeiro disco homónimo pela conimbricence Lux Records. Desde então, já pisou palcos como o Reverence Valada, Tremor ou Lisbon Dance Fest e percorreu as salas do país tanto a título individual ou acompanhando as exibições do documentário Tecla Tónica. No ano passado foram convidados pelo músico e produtor holandês Jacco Gardner a abrir algumas das suas datas em Espanha, com quem haviam já gravado três temas soltos em jeito de antecipação do disco “ II ”, lançado em maio de 2020 com o selo da Lovers & Lollypops. É inevitável dissociar a música dos Ghost Hunt do carimbo “espacial” ou “cósmico” ou do conceito, por vezes mal empregue, de “viagem musical” ao escutá-los. A forte influência “kosmische” está mais vincada neste seu novo trabalho, que mostra que o som do duo continua eclético e sempre aberto a novas possibilidades. Eduardo Morais Spotify: https://tinyurl.com/yadrovbc Bandcamp: https://tinyurl.com/ycnvbcat Ípsilon: https://tinyurl.com/y7xncqdf Rimas e batidas: https://tinyurl.com/yau7rgbr
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