Teatro Municipal Joaquim Benite (CTA Almada)
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PRELÚDIO AO REI LEAR Texto de Ferenc Molnár Encenação de Rodrigo Francisco COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA Escrita por William Shakespeare entre 1605 e 1606, a peça Rei Lear é a obra teatral que serve de pano de fundo a este texto de Ferenc Molnár (1878-1952) – jornalista, novelista e prolífico dramaturgo, um dos expoentes da literatura húngara da primeira metade do século XX. Conhecido já do público do Festival de Almada, em cuja edição de 2017 foi programada a sua peça mais afamada, Liliom ou a vida e a morte de um vagabundo, o teatro de Molnár regressa em 2020 ao grande palco de teatro de Almada com um dos seus textos menos conhecidos: a comédia sardónica em um acto Prelúdio ao Rei Lear, escrita em 1921, numa encenação assinada pelo director artístico da Companhia de Teatro de Almada, Rodrigo Francisco. Integrando um conjunto de três pequenas peças zombeteiras sobre os bastidores do teatro, Prelúdio ao Rei Lear tem uma trama que põe o teatro dentro do teatro. Estamos a poucas horas da abertura do pano. Bánáti – a figura principal da companhia de teatro e protagonista do Rei Lear que está em cena – irrompe desesperado palco adentro: é perseguido por um marido ciumento, que o apanhou em flagrante delito com a sua esposa, e que chega pouco depois munido de uma pistola, disposto a acabar com a raça do cabotino usurpador. Este marido traído é professor de literatura na universidade e, por sinal, especialista em Shakespeare, cujos versos Bánáti declama como ninguém: circunstância que será, de resto, fulcral para o desenlace da peça. O meu coração, os nossos corações, não são tão obedientes que se abram logo à primeira. Olhe, Senhor, eu vejo-me obrigado, ano após ano, a falar com os corações alheios. Cada vez que abro a boca para dizer alguma coisa … uma vez é Shakespeare quem me impõe silêncio com um “pst, agora sou eu a falar” – depois é Molière quem me repreende e depois Bernard Shaw ou Garrett… Sempre que eu aqui estou de olhos a brilhar, todo eu febril, de cabeça erguida, na ânsia de abrir o meu coração… sempre, repito, há sempre outro que fala pela minha boca. E o nosso pobre coração acaba por se ofender, torna-se num recluso, e nem se atreve a chegar-se outra vez à porta; cisma e envelhece. Sim, meu caro Senhor, é muito difícil persuadi-lo a revelar-se outra vez. As palavras saem facilmente ao actor. Mas é algo diferente. Isto é mesmo assim. E como deve calcular, com esta confissão também o meu manto real me caiu dos ombros. fala do actor que interpreta Lear 13 NOVEMBRO a 06 DEZEMBRO, 2020 | SALA PRINCIPAL qua a sáb às 21h00 dom às 16h00 M/12 Intérpretes: Ana Cris, André Gomes, André Pardal, Diogo Dória, Ivo Marçal, João Farraia, João Gadelha, João Tempera, Pedro Walter Tradução: Manuela Nunes Cenografia: Jean-Guy Lecat Figurinos: Ana Paula Rocha Luz: Guilherme Frazão
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