Grande parte dos alimentos que consumimos são produzidos em sistemas intensivos de produção - sejam eles provenientes da agricultura química ou biológica. Apesar das diferenças entre si, ambas compartilham de muitas práticas, sendo boa parte da agricultura biológica baseada na substituição dos insumos químicos por seus análogos biológicos, menos agressivos à nossa saúde e ao meio ambiente. Esse paradigma, ou base comum das técnicas convencionais de agricultura, organiza o trabalho agrícola segundo sua forma de entendimento dos processos naturais, e por muitas vezes caminhar de forma oposta a estes processos observados na natureza, faz da agricultura uma atividade com alto potencial de degradação dos solos e ecossitemas, além de tornar o agricultor refém do uso intenso de insumos externos, como adubos, produtos para controlar pragas e doenças, e também de muita água para irrigação. Utilizando as ferramentas e o olhar trazidos pela agricultura sintrópica, este curso oferece uma nova possibilidade para o cultivo de vegetais, que reúne todas as vantagens da produção biológica, com os adicionais de ser menos dependente de recursos externos e irrigação, promover a biodiversidade, produzir alimentos com maior valor biológico e nutricional e sequestrar mais carbono atmosférico - produzindo mais solo e gerando um impacto positivo no clima e no ecossistema onde se instala. Programa: - Dia 1 Parte teórica: - Introdução à agricultura sintrópica - A agricultura praticada no Brasil pelos indígenas antes da colonização, o contato com os europeus e transformação das práticas agrícolas; - O desenvolvimento do trabalho de Ernst Gotsch; - Processos Entrópicos x Processos Sintrópicos. - A organização dos processos pela floresta. - Produção de solo - Da rocha ao solo: como o solo e seus horizontes se formam, e o papel da vida nesse processo; - O caminho dos nutrientes: a matéria orgânica ou o mar; - A ciclagem da matéria orgânica na agricultura; - A importância do distúrbio, na floresta e na agricultura. Parte prática: plantio demonstrativo - Dia 2 - Sucessão Natural & Estratificação - Sistemas de colonização, acumulação e abundância; - Vetor qualidade e quantidade de vida consolidada; - Estratificação: conjunto formado pela posição na sucessão + necessidade de luz + porte (altura) - Aplicação da Sucessão & Estratificação na agricultura, das placentas ao clímax - Interações ecológicas & Funções Ecofisiológicas - Polinização e dispersão de sementes; - Co-evolução de espécies e ecossistemas - Elementos de distúrbio - Departamento de otimização de processos Parte prática: finalização do plantio demonstrativo Alojamento: - Está incluído no valor do curso a utilização de uma tenda. Esta pode ficar abrigada dentro de um armazém ou no exterior, numa mata que existe à volta da plantação. - É possível também trazer carrinha ou autocaravana. - Para quem não tenha tenda, pode-se disponibilizar uma por um valor adicional de 5€. - Existe a opção de ficar acomodado num Turismo rural das redondezas com o qual temos parceria (menos de 5 minutos em carro). Sujeita a disponibilidade no momento da inscrição. Consulta os preços e outras condições: https://docs.google.com/document/d/1hYLLS4lH0mlhOmXhfUx5zZr8Z2fiMc_lUDcKLFThDVQ/edit?usp=sharing Refeições: As refeições serão vegetarianas (informe-nos na inscrição caso tenha restrições) e estão incluídas: - Jantar do dia 6 (para quem quiser chegar no dia anterior) - 3 refeições principais + 2 lanches no Sábado - 2 refeições principais + 2 lanches no Domingo Investimento: 80€ Bolsas: Estão disponíveis duas bolsas para este curso. Caso tenha interesse em concorrer, envie-nos até o dia 21/2 um e-mail justificando a necessidade da bolsa e como estes conhecimentos serão aplicados e multiplicados. No dia 22/2 contactaremos os bolsistas selecionados. Para mais informações contacta: contacta@plantafloresta.pt / +351 917 697 937 (disponivel no Whatsapp) / Messenger Formulário de inscrição: https://forms.gle/TACu8f3vCYsdo1kR6 (receberás um e-mail com a confirmação da inscrição) Sobre a Agricultura Sintrópica: Desenvolvida por Ernst Götsch, suíço residente no Brasil desde 1984, a Agricultura Sintrópica consiste num olhar e uma perspectiva diversa acerca dos processos naturais, e faz-se valer de um conjunto de técnicas que visam a criação de agro-ecosistemas cuja forma e dinâmica se inspiram nos ecossistemas naturais e originais de cada ambiente em que se trabalha, possibilitando a produção de alimentos, madeira, fibras ou quaisquer outras matérias relacionadas à atividade agrícola. Sendo baseada em processos e não em insumos, tem-se mostrado extremamente produtiva e financeiramente viável ao produtor em diversos ecosistemas e biomas, ao mesmo tempo em que produz solo, melhora a retenção de água e amplia a biodiversidade local. Por meio da optimização dos processos de vida que criam e mantêm a fertilidade do solo, a agricultura sintrópica alia uma óptima produtividade agrícola a uma baixa dependência de insumos externos. Com essa maior eficiência nos ciclos e processos naturais, o solo permanece constantemente coberto com o material produzido no próprio local; já as podas e demais intervenções que garantem essa biomassa de cobertura mantêm o desenvolvimento das plantas com grande vigor. Assim, todo o ecossistema local opera no seu potencial máximo. Consequentemente, essa prática permite a obtenção de excelentes colheitas, ao mesmo tempo em que recupera o solo e auxilia na regeneração ou enriquecimento do ecossistema local. A compreensão da função eco-fisiológica de cada espécie e a plantação e manutenção conduzidas pela sucessão natural e pela estratificação permitem plantações mais complexas e biodiversas e com grande densidade, verdadeiros macro-organismos resilientes, que proporcionam mais qualidade na produção e mais colheitas por área trabalhada. Ao criar esse macro-organismo, composto pelo solo e o ambiente favorável ao pleno desenvolvimento das plantas e do sistema, reduz-se a susceptibilidade das plantas aos seres normalmente considerados "pragas", os quais, por sua vez, passam a ser vistos como seres optimizadores dos processos de vida e indicadores da saúde do ecossistema como um todo. Deste modo, estes agentes atuam apenas quando a sua função é necessária dentro dos processos que conduzem a um sistema de abundância próprio daquele lugar Sobre o Projeto: Planta Floresta teve inicio em Outubro de 2018 com a instalação de um sistema de frutos e vegetais baseado no olhar da Agricultura Sintrópica. Este sistema tem sido mantido e expandido até então. É possível acompanhar este trabalho em plantafloresta.pt Neste curso daremos início a uma nova área com um design focado na produção de vegetais.