Em 2009 a construção dum parque de estacionamento fora das muralhas de Lagos permitiu uma descoberta ímpar e inédita: uma vasta lixeira, acumulada entre os sécs. XV e XVII, de onde foram recuperados os esqueletos de 158 indivíduos.
Os inumados eram homens e mulheres, adultos, adolescentes e crianças. Alguns tinham sido depositados com pouco cuidado, atirados para dentro da lixeira, e alguns amarrados. Estes modos de deposição funerárias distanciavam-se claramente dos dos contextos coevos, em que os inumados eram enterrados dentro ou em redor das igrejas, obedecendo às regras canónicas vigentes.
As características morfológicas e métricas dos esqueletos, as modificações dentárias intencionais e o espólio que os acompanhava, bem como o facto de se encontrarem enterrados numa lixeira, levou a que se equacionasse desde cedo que a origem geográfica e cultural dos inumados era distinta da dos demais habitantes de Lagos.
Foi colocada a hipótese, ainda nos primeiros dias de escavação, de que se estava em presença de enterramentos de alguns dos primeiros escravos africanos aportados a Portugal cuja presença estava já relatada nas crónicas de Gomes Eanes de Zurara.
Nestes dez anos tem-se vindo a desenvolver investigação antropológica com o apoio do CIAS.
Em 2009 a construção dum parque de estacionamento fora das muralhas de Lagos permitiu uma descoberta ímpar e inédita: uma vasta lixeira, acumulada entre os sécs. XV e XVII, de onde foram recuperados os esqueletos de 158 indivíduos.
Os inumados eram homens e mulheres, adultos, adolescentes e crianças. Alguns tinham sido depositados com pouco cuidado, atirados para dentro da lixeira, e alguns amarrados. Estes modos de deposição funerárias distanciavam-se claramente dos dos contextos coevos, em que os inumados eram enterrados dentro ou em redor das igrejas, obedecendo às regras canónicas vigentes.
As características morfológicas e métricas dos esqueletos, as modificações dentárias intencionais e o espólio que os acompanhava, bem como o facto de se encontrarem enterrados numa lixeira, levou a que se equacionasse desde cedo que a origem geográfica e cultural dos inumados era distinta da dos demais habitantes de Lagos.
Foi colocada a hipótese, ainda nos primeiros dias de escavação, de que se estava em presença de enterramentos de alguns dos primeiros escravos africanos aportados a Portugal cuja presença estava já relatada nas crónicas de Gomes Eanes de Zurara.
Nestes dez anos tem-se vindo a desenvolver investigação antropológica com o apoio do CIAS.
Fonte: https://agenda.uc.pt/eventos/vale-da-gafaria-lagos-os-vestigios-esqueleticos-e-arqueologicos-das-primeiras-vitimas-do-trafico-negreiro-portugues-memoria-fotografica-dos-dez-anos-da-escavacao/