16:00 até às 18:00
Purga

Purga

Inúmeras mulheres já sofreram algum tipo de assédio sexual, no trabalho, em casa, com amigos, até com os próprios parceiros. “Considera-se assédio uma situação em que alguém é sujeito a um clima ou ambiente de intimidação, de constrangimento de qualquer forma, em que se está sujeito a atitudes que humilham e afetam a dignidade, que se traduzem em comportamentos de teor sexual indesejado.” (Aurora Rodrigues, procuradora geral de Évora, membro da Associação Portuguesa de Mulheres Juristas). 
A questão é que o assédio ainda continua invisível, confundido com sedução ou brincadeiras a princípio inofensivas, o que culmina no silêncio da parte que sofre o assédio. 
Diversas vítimas calam-se porque sentem que a sociedade não reconhece sua experiência traumática, coloca a vítima como culpada e que quando falam sobre isso são julgadas num papel de vitimização ou promiscuidade. 
De acordo com matéria publicada no site publico.pt em novembro de 2017, os números de queixas de assédio sexual no trabalho, por exemplo, que dão entrada na Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) são irrisórios porém, de acordo com pesquisas da mesma entidade, estão bem longe de representar a população de fato afetada. 
Sendo assim, a ação consiste no convite de mulheres (considerando mulheres cis, trans, não-binários, todos que se identificam como mulher) para uma experiência dividida em três momentos: workshop, deriva urbana e instalação/museu aberto. 
No primeiro momento, convida-se mulheres para o workshop, onde o principal objetivo é dividir, compartilhar, desafogar histórias, relatos ou memórias que envolvam qualquer tipo de assédio. Nesse momento, conta-se com a presença de uma psicóloga que guia a roda de conversa. Será solicitado que cada mulher traga um objeto que represente de alguma forma o símbolo de sua história. Um batom, uma peça de roupa, sapato, um perfume, ou qualquer objeto que esteja simbolicamente associado com a narrativa da história. 
No segundo momento, todas as mulheres caminham em grupo pela rua, fazendo uma deriva urbana coletiva. O ato do caminhar simboliza o momento de empoderamento da mulher. E isso se torna mais significativo por ser um caminhar no espaço urbano, onde por diversas vezes a mulher sofre assédio. 
Por fim, escolhe-se um sítio, e os objetos trazidos pelas mulheres serão deixados com uma breve descrição da narrativa, feita durante o workshop, criando uma instalação de objetos. 
Por um lado, essa instalação de objetos, funciona como um museu aberto de narrativas de assédio para informar anonimamente ou não os diversos casos. Por outro lado, de uma forma mais pessoal e poética, para a mulher, o ato de deixar o objeto funciona como um ritual de abandono e de libertação.
Assim, essa ação possui um caráter informativo, revelador e que torna mais visível um assunto que ainda pode ser difícil e delicado de ser tratado, porém extremamente necessário para a sociedade atual e, ao mesmo tempo, a ação também possui um cunho social, no sentido em que ampara, conforta e informa as mulheres vítimas de assédio sobre como seguir, prestar queixas, encontrar apoio psicológico com profissionais da área, entre outros. 
Além do suporte do próprio festival para propagar o workshop, será também empenhado uma ação com posters, redes sociais, contatos com instituições, organizações e profissionais da área.
O projeto será documentado através dos objetos e histórias partilhadas, com o intuito de criar uma galeria online, estendendo a duração e alcance do projeto.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
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