Local: Estação do Rossio, LisboaO caráter manual, premeditadamente mal feito e mal acabado de algumas obras de Ana Jotta (Lisboa, 1946) pode ser entendido como uma crítica à eficiência e ao profissionalismo de que todas as atividades (incluindo as artísticas) parecem estar hoje reféns. Defendendo ser o artista um "transformador” de objetos do quotidiano — aqueles que todos vemos mas que só alguns reconhecem como bizarros, intrigantes —, Jotta assume-se como uma copista e uma acumuladora de objetos, imagens e palavras, de que se apropria despudoradamente e que utiliza com e sem transformações: tudo é digerido, descontextualizado e transformado na sua própria arte.
Em Joana, Ana Jotta apropria-se de materiais existentes, descartados e pobres (rodas de bicicleta e garrafas de vinho), para fazer uma paródia a um dos maiores símbolos de luxo e de poder — o candelabro, omnipresente em palácios e outras tipologias arquitetónicas ligadas ao poder político e financeiro. Ao mesmo tempo, este trabalho relaciona-se diretamente com duas das obras que mais imediatamente ilustram a vanguarda artística — a roda de bicicleta 1914 e o célebre secador de garrafas de Marcel Duchamp, de 1917.
Esta iniciativa resulta de uma parceria da Fundação de Serralves com a Infraestruturas de Portugal, entidade gestora da Estação do Rossio.
Fonte: https://www.serralves.pt/pt/actividades/da-colecao-de-serralves-no-rossio-ana-jotta/