Vindauga - olho de vento

Vindauga - olho de vento
Inês Teles

A palavra vindauga (olho de vento) tem origem no norueguês antigo e significa olho (auga) de vento (vindr). Com diferentes ortografias, esta palavra é usada noutros países nórdicos - como a Dinamarca, Suécia e Islândia - e deu origem à palavra inglesa window (janela). Sobre este ponto de vista, pode-se referir que janela é algo que permite a passagem de luz do exterior para o interior e, também, permite que a visão passe do interior para o exterior. Ambas estas passagens tornam possível que o ar ou vento, essas entidades invisíveis, sejam perceptíveis ou sentidas.

As obras que a artista apresenta têm como ponto de partida a janela que é materializada através do gradeamento, usualmente utilizado para protecção. Este objecto, que se encontra a intermediar o exterior do interior, torna-se o foco do desenho que se encontra nas pinturas sobre tecido. Através de técnicas ancestrais e tradicionais, como o Batik, e recorrendo a pigmentos naturais, estas pinturas revelam superfícies inebriantes para deleito dos seus mais atentos espectadores. Contudo, estas paisagens celestes são cruzadas por linhas estilizadas que provêm dos gradeamentos das janelas. As linhas são desenhos fluídos que se tornam espaciais e tridimensionais nas estruturas metálicas que suportam as pinturas. A grade, ao impedir a passagem, faz com que o desenho se torne uma espécie de âncora visual que desvela a superfície sobre a qual aparece. Este mesmo efeito pode-se vislumbrar nas pequenas esculturas em resina colorida que se instalam nas paredes da galeria. Neste caso, as linhas activam o espaço arquitectónico que as suportam, revelando deste modo a sua imprescindível importância para a percepção dos objectos e da sua relação com o espaço envolvente.

Curadoria: Hugo Dinis

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