As Urban Fiction Talks são uma iniciativa do Laboratório de Estudos Urbanos, um colectivo de estudantes que pretende experimentar processos e metodologias de investigação colaborativa e transdisciplinar aplicada à Cidade. O objectivo da iniciativa é estabelecer encontros regulares de debate e conversa em relação a cidade e o território a partir das utopias, distopias e futuros alternativos que pode fornecer a ficção científica. Pretende-se abordar desta forma as diferentes problemáticas sociais e espaciais atuais e futuras (mobilidade, sustentabilidade, coesão social, entre outros) assim como pôr em consideração as possibilidades deste género narrativo para fornecer novas imagens prospectivas da cidade e do território. As UFT terão sempre duas partes: uma primeira de apresentação do tema em debate seguida de uma viagem pelo cinema ou literatura para estimular a imaginação e encontrar pontos de interesse para aprofundamento; uma segunda em que, através de dinâmicas de grupo, jogos ou ferramentas do design thinking, trabalhamos em conjunto o resultado das provocações durante a primeira parte. 1ª UFT - Migrações Climáticas, refugiados, migrações planetárias Com base no último relatório publicado pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) o Mundo pode mudar radicalmente já neste século, com as primeiras alterações visíveis já em 2040. O relatório conclui que os piores efeitos podem afinal vir já com a subida de 1.5 graus Celsius em 2040, inundando regiões costeiras e intensificando secas e pobreza. Apesar de ser tecnologicamente possível, é politicamente improvável que se venham a tomar as medidas necessárias para inverter esta direcção e, portanto, é antecipável que alguns efeitos possíveis se venham mesmo a realizar. Um destes efeitos são a emergência de refugiados climáticos e de migrações a nível planetário. Países como os Estados Unidos da América, o Bangladesh, a China, o Egipto, a Índia, a Indonésia, o Japão, as Filipinas e o Vietname podem vir a ver mais de 50 milhões dos seus habitantes expostos aos efeitos das cheias e inundações das regiões costeiras em 2014, se os 1.5 graus Celsius vierem mesmo a aumentar. Se a temperatura subir 2.0 graus Celsius, o relatório prevê uma evacuação desproporcionalmente rápida de populações dos trópicos. “In some parts of the world, national borders will become irrelevant,” disse Aromar Revi, director do Indian Institute for Human Settlements e co-autor deste relatório, numa entrevista à NYT. “You can set up a wall to try to contain 10,000 and 20,000 and one million people, but not 10 million.” O que quer dizer, para o Mundo tal como o conhecemos hoje, o desaparecimento de fronteiras nacionais? Como podemos pensar acolher numerosas populações de pessoas que lutam para sobreviver face às violentas alterações climáticas? Ou o que aconteceria a um país se a maioria da sua população tivesse que emigrar? Que novas reconfigurações se podem começar a pensar a nível planetário? E como podemos nós pensar soluções para problemas que emerjam destas novas reconfigurações? Cronograma: 1. Apresentação 2. Migrações/refugiados climáticos através da Ficção Científica 3. Debate e conversa 4. Gaming the future: The Great Deluge of Netherlands Sinopse: No ano 2050 os objetivos do protocolo de Kioto não foram atingidos e nos últimos 30 anos Europa converte-se no refúgio de um novo fluxo de migrantes: os migrantes climáticos. Nesse contexto as defensas marítimas de Holanda demonstram não ser eficazes e a nação afunda-se no mar. Finalmente o estado holandês toma a decisão de recolocar mais de 9 milhões de pessoas num território um 60% mais pequeno do atual. Como conseguirá Nijmegen, a nova segunda cidade mais importante da Holanda, recolocar de uma forma sustentável aos migrantes climáticos? Que efeitos terão estas soluções na coesão social da cidade? Quem têm mais direito a cidade: o migrante climático holandês ou o migrante internacional? 5. Avaliação e discussão