SINOPSE Ao longo dos anos tem-se investido na construção e manutenção de diversos espaços pensados para passear ou simplesmente relaxar, e assim, desfrutar de um local aprazível e alternativo ao bulício da cidade. Surgem, igualmente, soluções inovadoras para responder às preocupações de cidadãos com uma nova filosofia de vida que não dispensam os benefícios da prática desportiva. Tudo tão positivo! E ainda bem. Contudo, a pobreza está solta numa prisão ao ar livre como um jardim. Os bancos de jardim não servem apenas para descansar as pernas depois de uma caminhada ou de uma corrida; não servem apenas paras pais e avós ficarem à conversa enquanto filhos e netos brincam com os seus pares; os bancos de jardim são muitas vezes a casa – estranha relação esta! – de muitos cidadãos que vivem na rua, presos aos “erros meus, má Fortuna, Amor ardente”, como cantou Luis Vaz de Camões. Preconceito, solidão, orgulho, doença, medo, timidez, dor, luto, depressão, egoísmo, toxicodependência, dinheiro, raiva, prostituição, desespero, discriminação, alcoolismo, desemprego, indiferença… são as várias prisões que levam as nossas personagens a cruzarem-se num banco de jardim tão comum como outro qualquer. A ironia, a hesitação o tom na voz por vezes frio e cruel são também vestígios dessa pressão. Mas juntos, se resistirmos à indiferença “serão tantos os abraços / que não vão chegar os braços / p’ros abraços”. “E tu? Qual é a tua prisão?”