O Silo-Espaço Cultural tem o prazer de convidar para a inauguração da exposição SIZA- UMA CASA HABITADA de Luís Ferreira Alves, Sábado dia 17 de Fevereiro às 18H00. A inauguração será aberta por uma CONVERSA com a participação do Arquiteto Álvaro Siza Vieira, do Arquiteto José Bernardo Távora, e do Fotógrafo Luís Ferreira Alves, no Silo-Espaço Cultural. -Uma Casa Habitada- Em 1986, já me não lembro para quê, fui à Póvoa de Varzim fotografar, de relance, duas casas do Álvaro Siza. Uma delas, a da família Beires, já estava semi-escondida por generosa vegetação o que tornava impossível obter uma imagem completa da extraordinária quadricula envidraçada virada a sul, uma espécie de painel luminoso a quebrar um dos lados da planta rectangular. Lamentei-me junto do Siza e esse lamento recebeu uma pronta resposta, típica do seu humor: “Hei-de fazer uma casa infotografável!”. Hoje passados 40 anos, parece de facto ser esta a “casa infotografável” de tal modo submersa numa densa “floresta”. Neste início de primavera fui revisitá-la com o Álvaro Siza, emocionadamente, e descobri que a casa era fotografável de outro modo que não o habitual: não como uma ruína mas sim como uma casa habitada por sucessivas gerações que lá foram deixando estranhos objectos, diverso mobiliário, surpreendente bric-à-brac. Uma difusa luz invade toda a casa através do complexo sistema de estores capaz de múltiplas composições. A luz do sul que já vem filtrada pelo “jardim-floresta” atravessa a quadrícula envidraçada e como que pousa suavemente nos estranhos objectos criando um fluído ambiente de luz e sombra. Esta pequena casa, porque furada de lés a lés, criando sucesivos planos de luz e cor, parece grande! Hoje um único habitante vive no meio daquele extraordinário decor. Uma desperta senhora de mais de noventa anos, gentil e civilizada que vagueia entre memórias e pedaços de vidas outras, que por ali foram passando. O convite que o Álvaro me fez para fotografar a casa tal como está agora, assumindo-a sem alterações, constitui além de um desafio ímpar uma oportunidade de exprimir quanto admiro a obra deste meu amigo. Luis Ferreira Alves, 18 de abril de 2017