Os Meninos da Avó retomam as suas tertúlias literárias em Setembro, normalmente na última quinta-feira de cada mês, no Café Legendary, em Sintra. deste vez em foco estará o grande escritor Manuel da Silva Ramos, como o seu último livro "Moçamlabique" de que aqui apresentamos uma SINOPSE: Sebastião Barbosa, um professor de Português e História expulso do ensino oficial, empreende uma viagem a Moçambique depois de um divórcio conflituoso. Em terras africanas muda de nome e já com novo patronímico vai mergulhar nas noites loucas de Maputo, enquanto tenta adquirir a cabeça do presidente Samora Machel para ampliar a sua colecção de crânios. Depois de uma busca incessante por várias regiões do país, onde se vai africanizando, Sebastião Inhambane regressa a Portugal com Graça, a mulher da sua vida, e funda um falanstério hortícola na periferia de Lisboa, onde acolhe os desventurados nacionais, ao mesmo tempo que entabula uma nova História de Portugal – agora com reis negros. Hino à solidariedade humana, à extravagância temática e à criatividade literária, características que conferiram a Manuel da Silva Ramos um lugar à parte nas letras nacionais, Moçalambique é um canto maravilhoso às paisagens moçambicanas, aos seus costumes ancestrais, às suas mulheres afirmativas e aos homens benevolentes da Terra da Boa Gente. Durante o habitual jantar vegetariano ou tradicional o pintor Júlio almas apresentará "algo" que o seguinte texto de sua autoria deixa entrever: O Imperdoável Se vós, amigos, esqueceis, se escarneceis o artista, E entendeis mesquinho e vulgar o espírito mais fundo, Deus perdoa-vo-lo; mas não perturbeis Nunca a paz dos que se amam. Hölderlin, 1796-1798 No inicio foram precisos dois – um para fazer; outro para contemplar. Depois, talvez tenham discutido – o que fez, tornou-se contemplativo; o outro, cresceu artista –, talvez assim porque a arte nunca mais nos abandonou. E aquele Caravaggio? Aquele que naufragou por fim numa praia. Esse mesmo que reencontrou Manet em Madrid. Esse incógnito que pendurado nas paredes recriou a primeira reunião dos artistas – ele imóvel na imortalidade do belo, talvez a forma mais pura de contemplar o fazer Depois o comboio chegou a Sintra e chovia. E os artistas impelidos pela gravidade, pela necessidade, sentaram-se à mesa do café e contemplaram – a chuva lá fora, os copos que vão cinzelando o à vontade, e, muito principalmente, o fazer. Não é necessário ir ao Prado para estar entre nós, nem uma mesa da Brasileira do Chiado, nem Sintra, nem chuva. A necessidade dos artistas é a dos homens – juntar as mesas; juntar os copos; juntar as ideias inacabadas e delas fazer. Júlio Almas, Sintra 2017