Irá realizar-se, no dia 8 de junho, quinta-feira, às 18.00h, na Casa do Bombo, em Lavacolhos, uma homenagem ao etnólogo Carlos Gravito, autor, na década de setenta do século passado, do estudo “Os Bombos de Lavacolhos: aspectos rituais”. A galeria de exposições temporárias da Casa do Bombo ficará com o nome do investigador, que também é pintor e autor de vários trabalhos nas áreas das ciências sociais, do desporto e da criação literária. As exposições “Carlos Gravito um escritor da Beira” e “Bombos de Lavacolhos. As imagens e o livro” irão revelar várias facetas do homenageado nascido em 1935, emigrante em França onde se licenciou em etnomusicologia na Escola Prática de Altos Estudos de Paris. A sessão contará com as prestações de José Manuel Gravito, Presidente da Junta de Freguesia de Lavacolhos; Abílio Guerra, responsável da Casa do Bombo; Pedro Salvado, investigador; e Paulo Fernandes, Presidente da Câmara Municipal do Fundão. Neste âmbito, os saberes associados à elaboração de um Bombo, elemento fundamental da paisagem musical tradicional do Fundão, estão a ser objeto de uma revisão e estudo para a formalização de uma candidatura para a sua inclusão na matriz do Património Imaterial Nacional. Alcina Cerdeira, vereadora da Cultura da Câmara Municipal do Fundão, anunciou a futura presença na matriz nacional afirmando que “no nosso Concelho se há algo que merece ser preservado, valorizado e reconhecido por todos é o toque dos bombos, um dos momentos de grande exaltação das nossas terras, e as técnicas tradicionais da sua construção”. Para a Vereadora “a entrada na lista de Património Imaterial responsabiliza as atuais gerações para a manutenção deste legado da nossa tradição”. Os trabalhos conducentes à inclusão dos Bombos do Fundão no inventário nacional de património imaterial, irá contar com o apoio dos organismos estatais destas áreas do património e reúnem vários investigadores nacionais e internacionais. Para a responsável, “o fenómeno do Bombo revela a grande dinâmica cultural do concelho, das suas associações e possui uma grande capacidade de atratividade turística e acima de tudo pedagógica. Faz parte da nossa paisagem cultural regional, mas é um instrumento que nos liga ao mundo e a várias culturas”. Para José Gravito, Presidente da Junta de Freguesia de Lavacolhos, a terra da “Casa do Bombo”, o centro de interpretação da prática, “este momento será o culminar de todo um trabalho de décadas para a valorização e dignificação dos Bombos. A classificação dos saberes da construção respeita o património e evita o seu desaparecimento. Isto está mesmo em grande risco de acontecer e temos de resistir a uma tendência para plastificar tudo. Ao juntar os construtores com os tocadores, a comunidade fica a ganhar. Temos de saber preservar este património para as novas gerações. É isto que desejamos”. Recorde-se que, desde a primeira metade do século XX, grupos de Bombos das várias freguesias mereceram a atenção de musicólogos como Jaime Lopes Dias, Alves Monteiro, Ernesto Veiga de Oliveira, Armando Leça ou Michel Giacometti, entre outros. (Fotografia de Rui Júnior)