Desenvolvimento de Processo - Marcia Bellotti e Luiza Porto

" Em 2015 iniciamos nossa pesquisa e produção multidisciplinar sobre intimidade, sexualidade e gênero em Portugal, o que se transformou em uma obsessiva investigação sobre as condições e características do fechamento local sobre sua própria intimidade.
 
O desenvolvimento do trabalho "Ruídos" parte da busca pelo acesso a uma intimidade que nos foi negada, uma busca através de índices fotográficos. Contudo, quando as imagens apropriadas para o projeto - e foram selecionadas apenas aquelas que revelam claros aspectos da presença humana e seu cotidiano - foram capturadas através de câmeras digitais compactas ou de telefones móveis, munidas de sensores ruins, precisamos estar cientes de que a indexação antes possível através do uso de câmeras analógicas já não se aplica. Todos os pixels considerados errados, ruins ou desagradáveis pelos algoritmos foram modificados ou descartados, e as imagens redefinidas para aquilo que acreditam que queremos ver. Mas, quando o que nós desejamos ver é justamente aquilo que nos foi ocultado, como preencher a lacuna do que teria sido a realidade?
 
Diante de uma fotografia algorítmica, que funciona com probabilidades e aposta na inércia, o imprevisto tende a ser uma experiência rara. Seguindo o padrão "quanto maior o ruído, maior a interpretação aleatória", abriremos nosso processo de desenvolvimento ao público. Daremos início a busca metafórica por redefinições das imagens a partir do ruído, daquilo que pode ter sido descartado ou ocultado."