A Barbado Gallery inaugura a 18 de Março a sua primeira exposição individual de José M. Rodrigues, onde apresenta uma escolha de duas dezenas de obras relevantes que ilustram um já longo percurso de fotógrafo e artista. Aí se percorrerá, numa síntese sem cronologia e assumindo a diversidade, todo o caminho que vai das performances fotográficas dos primeiros anos 80, na Holanda, até às grandes peças picturais da recente evocação teatralizada dos tempos dos Bórgias, com que interveio nas celebrações do 5º centenário do nascimento de São Francisco de Bórgia em Gandia, Valência. Fica bem patente nesta intencional multiplicidade de datas, de escalas e de temas o profundo sentido autoral de uma obra plenamente original no contexto internacional, que atravessa - que questiona e excede - todos os géneros da fotografia, da abordagem documental à alegoria, do retrato intimista à paisagem metafísica, e que experimentou todos os processos e formatos, incluindo o ensaio conceptual e o vídeo. José M. Rodrigues propôs o título «Errata» para esta exposição. Para além de se tratar de uma revisão muito selectiva da sua obra, o título indica uma correcção de orientação, que será em especial o regresso a Lisboa, onde nasceu, depois dos longos itinerários de aprendizagem e exílio, primeiro na Holanda e a partir de Évora desde 1994. Sobre a sua mais recente mostra antológica, no Centro de Artes de Sines, montada pelo próprio fotógrafo, escreveu Jorge Calado, que foi em 1999 o comissário da retrospectiva da Culturgest - CGD, onde se revelara a extensão da obra de José M. Rodrigues, e lhe valeu a atribuição nesse ano do Prémio Pessoa: «Não conheço quem, no mundo, melhor pense o carácter e as possibilidades da fotografia, reinventando-a sempre. A cores e a preto e branco, analógica e digital, singular ou múltipla, em miniatura ou em mural. Rodrigues é um perfeccionista que domina todas as técnicas e que exulta com a experimentação desde os seus tempos de performance na Holanda. (Foi, nos anos 80, uma das figuras maiores do movimento Perspektief, em Roterdão.) As preocupações mantêem-se: a conquista da 3ª dimensão, a incorporação do tempo - que é vida. Os quatro elementos, principalmente a água - mas também o ar da ventoinha e da levitação e a terra dos países que lhe são caros, o fogo da sua imaginação inflama toda a obra. O corpo (o próprio e os dos familiares e amigos), total e fragmentado (…)», Expresso, 24 Agosto de 2013.