A Arte na Leira é uma iniciativa de mostra de artes, que acontece no coração da Serra de Arga, em Caminha, meia dúzia de quilómetros depois da saída e direcção que diz "Arga", na A28 (via rápida entre Viana do Castelo e Caminha), pela única estrada que corre a serra (e, por tal, sem enganos) a qual nos oferece uma das mais fantásticas paisagens do Minho e do país. Olha-se a serra do céu. Caracteriza-se a Arte na Leira pela "mistura harmoniosa que faz a diferença, porque é uma manifestação que não se coíbe de pôr lado a lado artistas consagrados, nacional e internacionalmente, e novas promessas, que virão ou não a confirmar-se" diz a notícia. Há mistura e harmonia nos mais de 60 artistas que expõem e nas artes expostas, pintura, escultura, desenho, cerâmica, fotografia, ourivesaria e design. Há mistura e harmonia nas expressões e formas expostas e no granito tosco das casas das leiras que as albergam. Há mistura e harmonia nas gentes do evento, do formal engravatado ao futurista de cabelo multicolor, do cantor dos tops às esfalfadas vozes do canto genuíno e ao desafio, do escritor ao rimador, do deputado ao serrano presidente da junta, dos rostos esculpidos nos carinhos da cidade até aos tisnados no sol e enrugados no vento desta serra, a que Mário Rocha, como ninguém, sabe dar expressão. A Arte na Leira é a festa da mistura e da harmonia. O Mário Rocha, pintor vianense (de Perre) que a arte consagrou, reparte residência entre Porto e esta Serra, neste espaço. É deste espaço que há 8 anos inquieta esta Serra (a região e o país), como é seu jeito e como tão bem sabe fazer. O Mário é o denominador comum de toda esta harmonia e de toda esta mistura. É um denominador comum com patente e registo. Na extraordinária profundeza da sua simplicidade, o Mário, ele todo, como pessoa, a sua atenção desatenta, a sua pintura (uma das formas, apenas, pela qual se mostra) é propriedade e património do diverso, da mistura, da harmonia, da tolerância e do encontro. A Arte na Leira é isso mesmo. Um encontro de mistura e harmonia dos muitos que o Mário induz e acolhe. Lá se encontrou a política. Estavam todos, em harmonia, expressando contributos diversos para uma vontade que cada vez mais comum - a do forte desenvolvimento desta região; lá se encontrou a arte, no esplendor da sua diversidade e formas; lá se encontrou a cidade e a serra que chame o evento de seu e o trata como ninguém. É a teimosia do Mário (mais teimoso do que o granito que nos envolve por todo lado) na sua luta contra o impossível, que torna este evento possível. Obrigado Mário. por Dr. Rui Teixeira, Presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
