GH • Actividade Paralela QUEM QUER SER MISÓGINO VESTE-LHE A PELE Oficina de Leitura para Engolir (e Regorgitar) a Linguagem do Poder orientada por Bruno Monteiro 16 Abril • 10:00-13:00 Companhia Instável oficina dirigida ao público em geral inscrição obrigatória por email ponto@pontoteatro.com nº de participantes máximo 16 custo da oficina PWYW (Pay What You Want) Aprendemos a lidar com a torrente verbal que preenche o espaço público – mais não seja com a insensibilidade protectora ou com a tolerância ecuménica perante todas as variantes de discurso. O evitamento, a compartimentação e a sublimação das narrativas de abjecção misógina ou racista, entre outras, tornou possível a sua coexistência com as sensibilidades democráticas, pese a aparente oposição entre elas. Nesta Oficina de Leitura vamos realizar uma arqueologia dos estereótipos misóginos, vistos como projecções exemplares das formas de dominação social e dos fantasmas dos sujeitos poderosos, que nos permita contactar epidermicamente com eles, sem os submeter a uma neutralização pacificadora. Por isso, os participantes vão ser convidados a emprestarem a sua voz a estes relatos, implicando-se, contra a sua vontade pessoal, com a retórica utilizada para impor a objectificação das mulheres – ou dos membros de todos os colectivos menorizados em função da sua suposta «natureza» biológica ou étnica. Privados de uma distância de segurança, os participantes nesta Oficina de Leitura terão que vestir a pele, por momentos, do misógino. Vendo esta Oficina de Leitura como um exercício performativo de paródia, os participantes vão ser levados a «engolir» a linguagem do poder – para a regurgitarem de seguida. Entretanto, ficarão com um entendimento mais apurado sobre o funcionamento da lógica imersa nessas proclamações. Com esta oficina pretende-se (i) experimentar na primeira pessoa a proclamação das narrativas de abjecção, em particular as misóginas e as racistas, procurando não tanto a sua contenção pacificadora, mas o contacto perturbante e contaminante com a sua matéria verbal; (ii) a partir de um sistema de factores que compreende a violência material e simbólica, os sentimentos de desejo e perigo, e a legitimação e reprodução das estruturas de autoridade, interrogar a similitude e os contrastes entre as narrativas de teor misógino e racista, por um lado, e entre estas e as suas variedades eufemizadas; (iii) verificar convergência entre os mecanismos narrativos da abjecção (e o seu complemento, a estigmatização) e as estruturas de poder implantadas nas sociedades em que eles nascem e se aplicam. + O trabalho prático a ser conduzido nesta Oficina de Leitura inclui a realização individual de um exercício de apropriação performativa de textos mais ou menos canónicos do registo misógino e, por outro lado, a realização de um trabalho de grupo (3-4 pessoas) que permita a partilha e a crítica cruzada das experiências de travestismo que representam essas leituras. BRUNO MONTEIRO é sociólogo e bolseiro de pós-doutoramento (com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia). É membro do Instituto de Sociologia (Universidade do Porto) e do Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa). Foi investigador convidado na Albert-Ludwigs-Universität (Freiburg-im-Breisgau, Alemanha), na cátedra UNESCO SSIMM / IUAV (Veneza, Itália) e no centro SAGE (Universidade de Estrasburgo, França). Produção PONTO TEATRO Apoios COMPANHIA INSTÁVEL INSCRIÇÃO • INFO http://www.pontoteatro.com GH • ACTIVIDADES PARALELAS 09 ABRIL • 16:00 A Cadeira de Van Gogh CONVERSAS PARA LÊ-LAS: CLARICE LISPECTOR E O GÉNERO (orientado por Helena Topa e Matias Braga) 14 ABRIL 2016 • 21:30 Espaço MIRA JACKIE (2015, vídeo, 50’) de Alexandre Pieroni Calado, ARTES E ENGENHOS (Lisboa) com conversa pós-projecção com Alexandre Pieroni Calado, Emanuel de Sousa, Bruno Monteiro, Helena Topa, Matias Braga e Manuela Matos Monteiro (Espaço MIRA) 15 & 16 ABRIL • 21:30 Teatro Municipal do Porto - Rivoli . Campo Alegre AUDITÓRIO CAMPO ALEGRE GH, Estreia Nacional 16 ABRIL • 15:00 - 18:00 Companhia Instável JE SUIS AMÉLIA Oficina de Defesa Pessoal para Mulheres (orientado por Helena Topa e Matias Braga)