"Retornar não implica voltar atrás" exposição de Carlos Alexandre Rodrigues com inauguração dia 26 de Março às 17h00 na SEDE do colectivo a9)))). Exposição fica patente de 26 Março a 27 Abril 2016. Horário: Segunda a Sexta das 10h00 ao 12h30 e das 14h00 às 18h30 Entrada Gratuita. +info: https://www.facebook.com/a9sede http://carlosalexandrerodrigues.weebly.com Sinopse "Retornar não implica voltar atrás" Colecionar imagens – O Arquivo “... a operação de recolha entre os restos possibilita a sua preservação.”1 e a que Benjamin também compreende os contornos que possibilitam “filmar essa missão do colecionador: salvar preciosos fragmentos. A confluência entre um modo de ver excêntrico, passado de moda, e o caminhar do mundo moderno não é a ordem do acaso; na realidade, só a perspetiva de um colecionador poderia captar o verdadeiro aspeto com que as coisas aparecem no desespero do nosso presente”2 1. Colecionar é a ação de “fazer coleção de; coligir; ajuntar; reunir; compilar”. Do ponto de vista pessoal, o ato de colecionar, surge de uma necessidade impulsiva e, por vezes, irracional. Quando pensados os motivos pelos quais reunimos, compilamos, ou juntamos, considero que somos confrontados com as relações que temos com o passado. Na generalidade podemos considerar que a recolha e coleção, são atividades diversas e passíveis de existirem uma sem a outra, no entanto, no meu caso, uma conduz à outra. Ao colecionar e classificar imagens ou objetos estamos, também, a conferir-lhes um valor adicional. Quando resgatados do imenso fluxo de imagens e dos demais objetos que são produzidos, e a que temos acesso diário, identificamos alguma característica que nos agrada e que queremos preservar como parte de um todo. Inconscientemente atribuímos algum valor especial a estas coisas e, em certa medida, elas assumem o carácter de documento. Se for nossa intenção, podemos contar uma história com eles, chamando novamente M. F. Molder: “...Os colecionadores são, deste modo, no entender de Walter Benjamin, fisionomistas do mundo dos objectos”3. 2. Cabe a cada colecionador definir os tipos de interesse que pretende integrar na sua coleção, sejam eles por reunir elementos por semelhança ou por diferença, podendo assim alterar as leituras que lhes serão atribuídas. Quais os meus objetivos na construção de um arquivo? Um deles, e o mais claro, é a procura de referentes para iniciar novas séries de trabalhos, novas imagens. Outros, não tão certos, poderão ser a busca utópica de um modelo, ou mesmo de um arquétipo, dentro de todas as imagens recolhidas que constituem o meu arquivo. Organizados sob a lógica de uma (possível) continuidade, estas imagens conferem à relação temporal (que também documentam) a importância de um princípio de conhecimento. Aqui, para esta exposição, não pretendi tratar as imagens enquanto ícones (ou imagens cristalizadas), mas sim mostrar imagens filtradas pela apreensão de momentos de observação do material recolhido. A observação das imagens e posterior concretização em trabalhos plásticos são constantemente problematizadas enquanto memória imediatamente antecedente aos que se seguirão. Carlos Alexandre Rodrigues Caldas da Rainha, 21 de Março de 2016 Notas de rodapé: 1 MOLDER, Maria Filomena. A paixão de colecionar em Walter Benjamin. Lisboa: Culturgest, 2007 2Maria Filomena Molder, em A paixão de colecionar em Walter Benjamin, escrevendo sobre o entendimento de Hanna Arendt acerca da catástrofe da história da civilização ocidental. MOLDER, Maria Filomena. Semear na Neve. Lisboa: Relógio d’Água, 1999, pp.40-54 3 MOLDER, Maria Filomena. A paixão de colecionar em Walter Benjamin. Lisboa: Culturgest, 2007 Bio Carlos Alexandre Rodrigues, Caldas da Rainha 1979, vive e trabalha entre Caldas da Rainha e Lisboa. Mestrado em Artes Plásticas, na ESAD das Caldas da Rainha, Licenciado em Artes Visuais pela Universidade de Évora. Trabalha essencialmente numa prática artística em que variadas metodologias operativas atuam sobre diversos tipos de media, como a pintura, o desenho, a fotografia e objetos tridimensionais – convergindo em temáticas e campos disciplinares diversos, como a geografia, arquitetura, urbanismo, arqueologia, antropologia ou sociologia, não com a intenção de os tratar enquanto tais matérias, mas convocando os seus assuntos para o seu projeto de artes plásticas. Concentra-se em imagens e objetos encontrados, num processo da apropriação artística de técnicas de inventário e catalogação, num gesto simultaneamente arquivístico e estético. Estas imagens servem como catalisador para a criação de novas imagens ou objetos. O projeto artístico encarado como um corpo continuo, reflete sobre estas e outras questões relacionadas com a práxis de atelier e a atividade simultânea de apropriação e constituição de um arquivo, sobre o qual se pensa e desenvolvem as ideias, tornando possível a criação de trabalhos plásticos inseridos na prática da criação em arte contemporânea. Principais exposições e participações: 2016 - III x III – Galeria 111, Lisboa. 2016 - Into the 12 jury room – Artistas Unidos (artista do mês), Lisboa. 2015 - EXPEDIÇÃO (Sem Título) – Museu do Hospital Termal. Caldas da Rainha. - Exposição Individual. 2015 - AA -Fundação das Artes - Bienal de Arte de Alcobaça 7o Edição, Alcobaça. 2015 - Close-up - 25 anos de Artes Plásticas nas Caldas da Rainha. Pavilhão 31 do Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos, Lisboa. 2015- Any attempt to capture a performance through a static medium is bound to fail on some level. Eletricidade Estética - Atelier 6 – Centro de Artes de Caldas da Rainha. - Exposição Individual. 2015 - O QUE UM LIVRO PODE - 4a edição. Encontros à volta da edição de artista e publicação independente. Atelier Real, Lisboa. 2015 - Praga-me. Festival Praga, Coimbra. 2014 - Artes Plásticas - ESAD.CR - Abertura do Ano Letivo - Escola Superior de Artes e Design, Caldas da Rainha.