No seu filme The Girl Chewing Gum, John Smith sobrepõe, a imagens captadas numa rua de Londres, uma voz que parece dar instruções para o que acontece. A movimentação da rua parece ser pré-determinada pelo artista. Ele manda as pessoas atravessarem a rua, os carros passarem ou os pássaros voarem. Este filme é o contrário das falsas Histórias e das fake news: se estas tentam que uma ficção passe por realidade, o filme tenta que a realidade passe por ficção.
Este espetáculo recria a experiência de Smith a partir de imagens do 25 de Abril de 1974, como se a revolução fosse a encenação de um artista. Para além de dar a conhecer os factos que garantiram a instauração de um regime democrático em Portugal, evidencia os mecanismos de construção ficcional e, designadamente, de construção de realidades manipuladas. A sobreposição da voz de comando a uma realidade que já aconteceu cria uma situação que é também propícia à "des-banalização” das próprias imagens. Uma forma de manter intensas as imagens do 25 de Abril de 1974.
O projeto tem consultoria de Joaquim Furtado, diretor-coordenador de informação e programação da RTP durante vários anos, autor de séries documentais e o locutor que, na madrugada do dia 25 de abril de 1974, leu o primeiro comunicado do Movimento das Forças Armadas, no Rádio Clube Português.
No final das sessões, decorrerá uma conversa com a equipa artística.