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Arte e Ação: Jaime Isidoro e a performance em Portugal

Arte e Ação: Jaime Isidoro e a performance em Portugal

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Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo
17h00

No âmbito da exposição "Jaime Isidoro e Vila Nova de Gaia: 50 anos depois dos I Encontros Internacionais de Arte”, que reúne e apresenta documentação de tipologia diversa e obras de arte sobre as atividades dinamizadas por Jaime Isidoro (PT, 1924-2009) na intitulada "Casa da Carruagem”, em Valadares, no dia 20 de setembro de 2024 (sexta-feira) celebramos, na Casa-Museu Teixeira Lopes / Galerias Diogo de Macedo, o desenvolvimento da performance em Portugal e os 50 anos dos I Encontros Internacionais de Arte. A história reforça o papel essencial de Jaime Isidoro para a construção de uma narrativa sobre aquilo que é o aparecimento de promoção das vanguardas artísticas em Portugal ainda antes do 25 de abril de 1974.

Programa:
17h00 | Performance "LDPE 4" de Julissa Massiel (Equador, 1995)O trabalho de Julissa Massiel reflete, de uma forma transversal, preocupações com o meio ambiente e as alterações climáticas e, muito em concreto, com o impacto do plástico nos ecossistemas da terra. Confrontada com a exposição "Jaime Isidoro e Vila Nova de Gaia: 50 anos depois dos I Encontros Internacionais de Arte e, em concreto, com as temáticas trazidas por Espiga Pinto nas suas performances de 1972, a artista preparou uma performance que começa nas Galerias Diogo de Macedo, percorre o centro histórico de Vila Nova de Gaia e a faz mergulhar no rio Douro. No dia seguinte, durante o mês de agosto de 2024, desagua no Rio Minho e apresenta nova performance em Vila Nova de Cerveira. Além da mensagem que o seu corpo e figurino – todo feito em plástico – transportam, a artista acaba por fazer a ligação simbólica entre os I Encontros Internacionais de Arte em Vila Nova de Gaia e os V, e últimos, em Vila Nova de Cerveira, que se acentua pelo elemento água, igualmente usado nas performances de Espiga Pinto. A performance LDPE 4 é apresentada, em vídeo, na sala negra das Galerias Diogo de Macedo e será encadeada na visita guiada à exposição, feita pela curadora Helena Mendes Pereira.
18h00 | Performance "KUPALHA" de Nuno Silas (Moçambique, 1988)Construir a ideia de corpo no presente. A performance propõe a ideia de interligação do passado, presente e futuro para a questão da pintura numa época de trauma. A ação de pintar é informada por ideias de construção de consciência e do corpo no espaço de pertença que é elaborado através de narrativas pessoais e coletivas. Conecta partes do corpo a dinâmicas culturais.A performance tem como fonte de inspiração a pintura-ação realizada por Artur Bual, na Casa da Carruagem, e cujo resultado é um dos destaques da exposição.
18h45 | Performance "Não obrigada, eu consigo." de Inês Nêves (Portugal, 1995)A performance trabalha a partir dos estereótipos de género, baseando-se concretamente no preconceito do feminino como algo frágil e fraco. A mão estendida pelo homem para ajudar a mulher a descer um degrau, a oferta para lhe carregar a mochila… são atitudes embutidas nas regras sociais (aparentemente inofensivas e até generosas) que contribuem para uma pintura da mulher como sendo incapaz e dependente. "Não obrigada, eu consigo” atua assim como um comentário social relativo à diminuição da mulher face ao homem no que toca às suas capacidades físicas, através de um gesto de auto-capacitação e manifestação de força.
19h30 | Jantar-Tertúlia "50 anos depois dos I Encontros Internacionais de Arte”Desafiamos alguns dos que, há 50 anos, protagonizaram os I Encontros Internacionais de Arte a reviveram memórias, fazendo um exercício de análise de passado, presente e futuro. A tertúlia acontece à mesa, como gostava Jaime Isidoro e reúne nomes ilustres das artes plásticas nacionais.
21h00 | Performance "Instinto de vida: e se todas fossemos um?" de Sónia Carvalho (Portugal, 1978)Imagina se Jackson Pollock, Marcel Duchamp e Mark Mark Rothko tivessem mudado as fraldas das suas crianças? Como seria o legado da Arte Moderna? Performance sobre a manutenção como arte, da casa/da sociedade/do Planeta, em homenagem a Mierle Laderman Ukeles e aos "Trabalhos invisíveis”.
Ainda a propósito da exposição "Jaime Isidoro e Vila Nova de Gaia: 50 anos depois dos I Encontros Internacionais de Arte”, é exibido, no Cineteatro Eduardo Brazão, no dia 10 de outubro de 2024, pelas 21h30, o documentário "Jaime Isidoro: divulgador, colecionador, artista”, havendo lugar a visitas guiadas à exposição, pela Curadora, Helena Mendes Pereira, nos dias10 e 12 de outubro, às 16h30 e no dia 27 de outubro, às11h00.
+ info pelo gaiacultura@cm-gaia.pt

Jaime Isidoro, que chega ao meio artístico como pintor, funda a Galeria Alvarez, no Porto (a mais antiga do país ainda em funcionamento) em 1954 e inicia uma jornada dedicada à divulgação da produção artística e dos criadores contemporâneos, à qual juntou uma especial atenção à revisitação de alguns importantes nomes do modernismo português que o regime havia abafado. E, em 1962, adquire uma propriedade na praia de Valadares e que passa a funcionar como uma espécie de sucursal da Galeria Alvarez. O espaço acolheu diferentes iniciativas, desde exposições, a apresentações de livros ou a intervenções artísticas de caráter mais efémero, fundando aquilo que hoje denominaríamos de "residências artísticas”.

No Verão de 1974, à boleia dos primeiros ventos da Liberdade, será em Valadares que se realizarão I Encontros Internacionais de Arte de 1974, há, precisamente, 50 anos, respondendo a uma necessidade de se pensarem novas tendências e vanguardas artísticas de que o país estava distante, na consequência do seu quase meio século de clausura e servidão. Os Encontros Internacionais de Arte – que passaram depois por Viana do Castelo, Póvoa do Varzim e pelas Caldas da Rainha – culminam em Vila Nova de Cerveira, dando origem à Bienal Internacional de Arte de Cerveira.

A construção desta história faz-se de muitas estórias contidas no precioso arquivo e na coleção da Galeria Alvarez, que foram selecionadas para esta exposição. Material gráfico, fotografias, vídeos, recortes de jornais e obras de arte, fornecessem uma visão global do que foi a atividade na "Casa da Carruagem”, muito marcada pelos encontros entre artistas, críticos, poetas e outros homens de letras que ousaram discutir as vanguardas, experimentar processos, permitindo-se à relação com o mar e a envolvente e, sobretudo, sendo favorecidos pelas condições que Jaime Isidoro proporcionava aos artistas e pelo seu interesse genuíno pela novidade.

Em outubro de 1972, Espiga Pinto (PT, 1940-2014) realiza na "Casa da Carruagem”, na Praia de Valadares e na Ponte da Arrábida, duas performances: "Egotemponírico - Homenagem ao Sol”, realizada a 14 de outubro de 1972 e "Homenagem a uma Mulher Aurora”, na Ponte da Arrábida, dias antes. Seguem-se ações, com artistas como Artur Bual (PT, 1926-1999) ou Henrique Silva (PT, 1933) que se combinam os conceitos da action painting ou do site specific, que nos surgem como os primeiros em Portugal, devidamente documentados como tal. Sem esquecer o importante papel do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, nascido em janeiro de 1974 ou mesmo do Ciclo Internacional Perspetiva 74, organizado por Jaime Isidoro com o crítico Egídio Álvaro (PT, 1937-2020), é justo atribuir a estas performances de Espiga Pinto o papel fundacional no que à performance em Portugal diz respeito, o que reforça a figura de Jaime Isidoro como central na História da Arte portuguesa e mesmo como uma espécie de "pai” da performance. O trabalho com Espiga Pinto terá sido apenas o primeiro a fazer parte de uma estratégia clara de apoio às vanguardas e a muitos outros artistas que se expressaram através da performance.

Este é, naturalmente, um dos aspetos a destacar desta exposição que se constitui como um momento de reescrita da História e de um maior destaque importância, também, do Norte do país na introdução das vanguardas, contrariando uma visão centralista que tantas vezes domina as narrativas.

Torna-se, por isso, essencial que se assinale este legado de Jaime Isidoro, não apenas através da reescrita e revisitação da história, mas através da perpetuação do seu exemplo, mantendo uma aposta em artistas que privilegiam a imaterialidade e a efemeridade dos projetos artísticos e se distanciam de lógicas comerciais mais tradicionais. Nesta enquadramento, dedica-se o 20 de setembro à performance com a apresentação de quatro criações originais de artistas nacionais e internacionais e com a mobilização de um conjunto de notáveis para, em ambiente de jantar-tertúlia, rememorarem aquilo que foram, há 50 anos, os I Encontros Internacionais de Arte.

Fonte: https://www.cm-gaia.pt/pt/eventos/arte-e-acao-jaime-isidoro-e-a-performance-em-portugal/
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