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Conversa sobre projetos fotográficos com autores da Bienal | Álvaro Domingues e Duarte Belo

Conversa sobre projetos fotográficos com autores da Bienal | Álvaro Domingues e Duarte Belo

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Na segunda-feira, 23 de setembro, pelas 21h30, decorre a segunda sessão de conversas sobre projetos fotográficos com os autores presentes na Bienal de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa, através da ZOOM.

Nesta segunda sessão a conversa será com os autores Álvaro Domingues – com a exposição “Paisagens Tecnológicas” na Casa da Torre – e Duarte Belo – com a exposição “Linhas de Tempo: Meadas, Lamego, Varosa” no Museu de Lamego.



Entrar Zoom Reunião
https://us06web.zoom.us/j/85045535283
ID da reunião: 850 4553 5283



PAISAGENS TECNOLÓGICAS
Álvaro Domingues

“(…) esta terra é muito montuosa pela maior parte e toda é muito aproveitada, que em ela não há pedaço que não seja aproveitada, principalmente para o Douro. E os homens são tão benfeitores que às fragas altas levam o cesto da terra às costas para plantarem as parreiras e figueiras, pereiras, ameixoeiras, e todo outro arvoredo. E todas as estradas estão cobertas de fruteiras e videiras (…) “
Nos idos de 1531/2, era assim que Rui Fernandes compunha a Descrição do terreno em redor de Lamego duas léguas. Vinha ainda longe o modo romântico de descrever paisagens e o prodígio da fotografia para revelar certos enquadramentos e composições à maneira da tradição pitoresca praticada na pintura oitocentista.
Mais do que impressões visuais sobre terras montuosas e muito aproveitadas, Rui Fernandes assinala modos de transformação, ainda que parcialmente ficcionados, uma vez que os socalcos se construíam mais por escavação e terraçamento de vertentes, do que de enchimento com terra transportada às costas.
Este é um exemplo claro das razões tecnológicas da paisagem. Construir socalcos e caminhos, pontes, fontanários, casas, cardenhos, moinhos, armazéns, adegas…, são trabalhos que mobilizam saberes, técnicas, ferramentas, máquinas e toda a infinidade de coisas de que é feita a tecnologia – desde as técnicas de enxertia, aos sistemas globais de telecomunicações. Essa é matéria de que são feitas as paisagens e indicador seguro do que chega de novo e do que se vai transformando – barragens, albufeiras, auto-estradas, redes eléctricas, viadutos. O território é uma construção social, um retalho do mundo que, como escreveu Camões, é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.

Exposição patente de 20 de julho a 21 de outubro


ÁLVARO DOMINGUES (Melgaço, 1959). Geógrafo, professor na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Da obra publicada destacam-se: Portugal Possível (Museu da Paisagem, Lisboa, 2022 com Duarte Belo); Paisagem Portuguesa, Lisboa, FFMS, 2022, com Duarte Belo); Paisagens Transgénicas, Museu da Paisagem, Lisboa; Volta a Portugal, (ed. Contraponto/Bertrand, Lisboa, 2022); Território Casa Comum (com Nuno Travasso, FAUP, Porto, 2015), A Rua da Estrada (Dafne, Porto, 2010), Vida no Campo (Dafne, Porto, 2012) e Políticas Urbanas I e II (com Nuno Portas e João Cabral, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2003 e 2011), Cidade e Democracia (Argumentum, Lisboa, 2006). Participa regularmente em conferências, atividades pedagógicas, exposições e projectos interdisciplinares. É sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa. Escreve regularmente no jornal Público e na Umbigo Magazine.


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LINHAS DE TEMPO
MEADAS, LAMEGO, VAROSA
Duarte Belo

O rio Varosa cava um profundo sulco na paisagem, desde as cotas mais elevadas, na serra de Montemuro, até encontrar o Douro. A cidade de Lamego está implantada a uma cota intermédia, no território de topografia complexa, recortada, entre o alto da serra das Meadas, e rio. Em diversos locais, na cidade e fora dela, há vestígios de um tempo arcaico. O que se propõe com este conjunto de fotografias é percorrer estas paisagens ao longo de quase três décadas, desde 1996 até ao presente. Neste hiato temporal a paisagem tem vindo a sofrer alterações acentuadas. O próprio processo fotográfico passou por uma fase de profunda transformação, da película, analógica, para o suporte digital. As fotografias parecem assim, acentuar a passagem do tempo, em que o Antropoceno é cada vez mais uma realidade incontornável. Lamego é uma cidade fascinante que nos fala do passado, que nos inquieta, como tantas outras urbes, que se dilui no espaço envolvente, que suplanta lugares de uma destruída natureza intacta. A entropia avança em fotografias que interrogam.

Exposição patente de 20 de julho a 21 de outubro


DUARTE BELO (Lisboa, 1968). Formação em arquitetura. O trabalho de mapeamento fotográfico do espaço português deu origem a um arquivo fotográfico de mais de 2.100.000 imagens. Da obra publicada destacam-se: Portugal — O Sabor da Terra (1997-1998), Portugal Património (2007-2008), Portugal Luz e Sombra (2012) e a trilogia composta por Caminhar Oblíquo, Depois da Estrada e Viagem Maior (2020). Tem trabalhado sobre nomes relevantes da cultura portuguesa, como Mário de Cesariny, Ruy Belo, Maria Gabriela Llansol ou Miguel Torga. É editor do blog Cidade Infinita. Expõe desde 1987 e participa regularmente em atividades pedagógicas, conferências e mesas redondas.
http://www.duartebelo.pt/
https://www.cidadeinfinita.blogspot.com/


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BIENAL DE LAMEGO E VALE DO VAROSA
CURADORIA
Manuela Matos Monteiro e João Lafuente

Organização / organisation: Museu de Lamego | MIRA FORUM
Parcerias/ Partners: Património Cultural, I.P. | Município de Lamego | @municipio_de_tarouca | @museunacionalsoaresdosreis
Apoio financeiro / Support: República Portuguesa (@gov_pt) @cultura_pt | dgARTES Direção-Geral das Artes


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