Um renascer e ressignificar a vida e os acontecimentos ao longo de nossa existência, desde o nascimento à morte de antigos padrões, para abrir as janelas da mente para uma nova realidade. Este é o principal fio conceitual da nova exposição da Luka Art Gallery no Palácio Biester. Desta vez, uma exposição colectiva de mulheres que usam de suas técnicas e conceitos artísticos próprios para representar a costura de nossas escolhas e emoções e, por isto, tanto sentido intrínseco fez à curadora Ana Carolina Azevedo, ao unir 4 artistas para transmitir este curioso entrelaçado de fios e pontos, como os quatro elementos da natureza em perfeita consonância. Tudo começa com um café, a ser coado por nada menos que 10 mil mulheres, em cada manhã de suas vidas. Ali, na cerimônia do raiar da luz, dá-se bom dia à vida, que nasce através de Gaia, a deusa mitológica da terra, a alma matter da natureza, pelo tecer das mãos do Coletivo Duas Marias, composto pelas artistas Malu Rebelato e Nani Nogara. Uma gigantesca escultura que atravessou o mundo numa longa jornada de superação, dá vida ao máximo conceito de expansão e interiorização do sentimento humano. Gaia dá forma humana ao próprio espírito. Sem qualquer limite no espaço de uma tela, numa organicidade plástica, os fios vermelhos tecidos por gerações traz a ligação com o sagrado feminino através da própria ancestralidade, no croché bordado pela avó, num processo de cura das memórias vividas das antigas gerações, a artista Gizela N faz então este entrelaçado entre a vida e a morte, a dor e o poder curador dentro do próprio fluxo natural. O fio vermelho que atravessa as vivências e os sentimentos dentro de nós mesmos, a conectar cada pessoa que faz parte de nossa história individual, desde o passado até o futuro. Em todo o processo de auto conhecimento e capacidade auto curativa de despertar para si mesmo, num profundo estudo nas teorias da psicanálise junguiana e filosofia hermética, através da arte, a artista Leca Araújo ressignifica portas, janelas e gavetas, para representar a multiplicidade de nossas escolhas, por meio de bordados, pinturas e retalhos, e apresenta assim, a possibilidade que temos de construir e renascer em nossas decisões diárias na simetria e fusão entre a dupla realidade entre o mundo mental e material. Numa sinergia entre a mecânica quântica e a mitologia, “Re-nascer” apresenta mais que uma exposição, mas a forja concreta de que tudo e todos estão interligados, como uma grande costura de fios, no interminável vestido da vida. Numa estrutura de exposição que também rompe com os padrões, a Vernissage será dividida em duas partes: “O nascimento de Gaia”, no dia 14.09, seguido por uma semana de despertar e desenvolver o aprendizado e a cura na perspectiva ao Sagrado Feminino, através de Workshops, palestras e seções de meditação e autoconhecimento, a abraçar e conectar pela arte viva, da alma e força feminina. Finalmente, no dia 21.09, a Vernissage que une as 4 artistas, para juntas através de suas artes, inspirarem e propõem o “Re-nascer” individual do ser humano para uma nova realidade de percepção. Uma atuação musical de Chico Buarque por Madame Irene, em tributo às mulheres e uma performance às raízes da terra de Ana Carolina Melchert, emolduram os eventos numa mescla de emoção e intensidade. Um coletivo de Marias, aqui a representar tantas milhares de mulheres em torno do mundo, conectadas e interligadas entre os tempos, num grande crochet tecido à energia de infinitas mãos de mulheres, no nascer de Gaia à superação individual da própria vida, o dar a luz e renascer em sua própria consciência. A exposição e o Salão de Arte e Cultura estarão patentes na Luka Art Gallery, no Palácio Biester, na mágica serra de Sintra, a apresentar muito mais que uma exposição, mas sim uma impactante experiência visual e sensorial de transformação.