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“Felizmente há luar! - Orquestra Filarmónica Portuguesa”

“Felizmente há luar! - Orquestra Filarmónica Portuguesa”

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro, é uma peça fundamental do teatro português do século XX, que retrata a resistência contra a ditadura do Estado Novo e a censura cultural. Inspirada na conspiração de Gomes Freire de Andrade contra a dominação inglesa, na primeira metade do século XIX, a obra faz uma alegoria à ditadura salazarista, apresentando questões universais sobre liberdade, poder, coragem e resistência. Escrita em 1961, a peça é um testemunho intemporal da luta do povo português pela liberdade e justiça.


Do Teatro para a Ópera, para uma celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.


A encomenda de uma ópera para assinalar a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, partiu da Orquestra Filarmónica Portuguesa. A escolha recaiu no compositor Alexandre Delgado, que imediatamente propôs o Felizmente há luar! de Luís de Sttau Monteiro.

Esta não é apenas uma celebração artística, mas também uma homenagem à revolução que restaurou a democracia em Portugal. A obra de Sttau Monteiro, já impregnada de temáticas de resistência e luta pela liberdade, adquire assim uma ressonância ainda mais profunda ao ser invocada neste contexto.

Trata-se de uma primeira adaptação da obra de Sttau Monteiro para o mundo da ópera, fazendo-se assim justiça a um texto maior na literatura teatral portuguesa.


Nota do Autor

Quando o saudoso Joaquim Benite encenou a minha ópera "A Rainha Louca”, em 2011, lançou-me um desafio: queria que eu compusesse uma ópera sobre o meu avô, Humberto Delgado. Mas eu disse-lhe que não era capaz, por ser um assunto demasiado pessoal. (Literalmente: eu tinha cinco meses de gestação quando a minha mãe soube que o pai dela tinha sido assassinado.)

Em 2022, o maestro Osvaldo Ferreira lançou-me outro desafio: compor uma ópera sobre o 25 de abril. Também fiquei de pé atrás, desta vez por achar o tema pouco operático e por não querer compor para uma comemoração oficial.

Mas lembrei-me de uma peça que podia fazer todo o sentido: "Felizmente Há Luar”. Uma peça sobre a figura histórica do general Gomes Freire, condenado à morte em 1817, nos últimos estertores do regime absolutista. Publicado em 1961, o texto de Luís de Sttau Monteiro era uma metáfora tão evidente do Estado Novo sacudido pelas eleições de 1958, que até os obtusos censores salazaristas a perceberam. Proibida, a peça só pôde ser representada em Portugal depois da revolução.

E foi assim que esses dois temas, que antes recusei, me vieram parar às mãos de forma metafórica. Que é como quem diz: operática.


Alexandre Delgado


I ATO

A ação decorre em Lisboa em 1817. Um grupo de populares está reunido, lamentando a sua situação difícil e lembrando as canções do regimento do general Gomes Freire de Andrade, que consideram um defensor do povo.

Enquanto isso, os governadores do Reino - D. Miguel Forjaz, o Principal Sousa e o Marechal Beresford - reúnem-se preocupados com rumores de uma conspiração e revolução associada ao general Gomes Freire. Decidem que precisam de crucificar alguém para servir de exemplo.

Um informador, Vicente, espia uma reunião suspeita em casa do general e avisa os governantes. Estes veem Gomes Freire como uma ameaça capaz de destruir a ordem estabelecida por falar ao povo. Resolvem então escolhê-lo para condenar, de modo a aniquilar as sementes da anarquia.

Este ato retrata bem um momento de convulsão social e política, com o povo descontente e rumores de revolução, que levam o poder vigente a procurar um bode expiatório para condenar. O general Gomes Freire surge como uma figura querida do povo mas temida pelos governantes.


II ATO

O povo comenta que prenderam o general Gomes Freire, acabando com a esperança de mudança. Matilde, mulher do general, lamenta o destino dos homens justos e leais num mundo de hipocrisia e injustiça.

António de Sousa Falcão, amigo de Gomes Freire, diz que o general sempre foi uma ameaça para o poder vigente por expor as suas falhas. Matilde pede clemência ao Marechal Beresford, mas este recusa, afirmando que a mera existência de certos homens é um crime.

Uma mulher do povo consola Matilde. Sousa Falcão traz notícias do general na prisão, em más condições. Matilde tenta apelar a D. Miguel Forjaz e ao Principal Sousa, mas é rejeitada, acusada de ser amante de um traidor. O Principal Sousa agradece a Deus a captura dos revolucionários.

Matilde enfrenta o Principal Sousa, acusando-o de condenar inocentes, dar esmola mas enforcar quem defende os pobres, vendendo Jesus por poder. Diz-lhe que morrerá ensurdecido por pragas.

O povo comenta que vão enforcar e queimar o general, lançando as cinzas ao mar. D. Miguel Forjaz afirma que o cheiro a carne assada ficará na memória de quem pensar em revoltas.

Sousa Falcão lamenta ao pé da fogueira não ter tido a coragem de Gomes Freire para lutar na linha da frente. Matilde, vestida com uma saia verde, imagina o general vindo abraçá-la e despedir-se. Perante o clarão da fogueira, Matilde diz que aquilo é um começo, não um fim, e que aquela luz dará esperança e iluminará a terra inteira, porque "até chegar o dia, felizmente há luar". Todos se juntam a este canto de esperança.




Ficha Artística/Técnica

Música e Libreto: Alexandre Delgado, do original de Luís de Sttau Monteiro

Direção Artística e Musical: Osvaldo Ferreira

Encenação: Allex Aguilera

Assistente de Encenação e Direção de Cena: Henrique Gomes

Direção de Arte: Nuno Esteves "Blue”

Assistente de Direção de Arte: Inês Peres

Construção de Cenários e Adereços: FP Solutions

Desenho de Luz: Manuel Abrantes

Operação de Luz: Diana dos Santos

Caracterização: Mizé Silvestre, Nicole Mendença, Tatiana Cruz e Teresa Dias de Almeida

Maestro Assistente: André Lousada

Preparação do Coro: Filipa Palhares

Preparação de Cantores e Correpetição: Pedro Lopes

Correpetição: Dana Radu e Pedro Vieira de Almeida

Orquestra Filarmónica Portuguesa
Coro ProART

Elenco: Matilde de Melo – Sílvia Sequeira (S), Mulher do Povo – Raquel Mendes (S), D. Miguel Forjaz – Tiago Amado Gomes (BT), Principal Sousa – Carlos Guilherme (T), Beresford / Velho Soldado – André Henriques (BBT), António de Sousa Falcão – Christian Lujan (BBT), Vicente – Pedro Cruz (T), Polícia – Manuel Matos, Criado – Tomás Rodrigues

Produção: Orquestra Filarmónica Portuguesa e ProART

Agradecimentos: Fábrica do Braço de Prata; Junta de Freguesia de Alvalade; Fernando Rosado Pianos



Classificação Etária
M/6



Duração
90 minutos



Informações

Bilheteira: 239 857 191

bilheteira@coimbraconvento.pt



Compre o seu bilhete aqui



1.ª Plateia

€20

€18 estudantes / maiores de 65 anos / grupos (mínimo 10 pessoas) / desempregados / profissionais de artes performativas e de música


2.ª Plateia e Balcão

€18

€16 estudantes / maiores de 65 anos / grupos (mínimo 10 pessoas) / desempregados / profissionais de artes performativas e de música

Cartão Amigo CSF aplicável (40% de desconto)




Fonte: https://www.coimbraconvento.pt/pt/agenda/felizmente-ha-luar-orquestra-filarmonica-portuguesa/
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