A perpetuação da propriedade privada: máquinas e hidráulica na era das Luzes SEMINÁRIO DE INVESTIGAÇÃO | 19 jul. '24 | 10h30-12h30 | Sala de Formação, piso 2 Entrada livre, sujeito a inscrição para o email miguelcarmo@fcsh.unl.pt Este seminário requer inscrição prévia até ao dia 17 de julho (para miguelcarmo@fcsh.unl.pt). Os inscritos irão receber um capítulo do livro da autora (a publicar após o verão), sobre o qual se centrará a discussão. O encontro será aberto por Lavinia Maddaluno, seguindo-se os comentários d os investigadores Ricardo Noronha e José Miguel Ferreira do Instituto de História Contemporânea (NOVA FCSH / IN2PAST). Para uma apresentação do livro, ver: https://www.liverpooluniversitypress.co.uk/doi/book/10.3828/9781835534045 Resumo Este estudo, incluído na monografia Science and political economy in Enlightenment Milan, 1760-1805, considera um caso de intervenção hidráulica em áreas rurais do Ducado de Milão durante o reinado de José II (década de 1780) para explorar a forma como considerações práticas e filosóficas moldaram projetos de melhoramento e como estes se cruzaram com a consolidação da propriedade privada e o aumento da produtividade. Especificamente, reconstrói-se o caso pouco conhecido da bomba hidráulica fabricada pelo idraulico Carlo Castelli para reabilitar terras pantanosas nos perímetros nordeste do Lago de Como. A partir de um projeto local de reconversão de solos para agricultura, procura-se inspeccionar nas funções e desenho dos artefactos materiais as atitudes contemporâneas em relação à tecnologia e à ordem natural e social. De que forma as instituições e os naturalistas conceberam a intervenção técnica na natureza? Quais eram as bases políticas e económicas da prática de emulação de técnicas com origem noutros contextos geográficos? E como é que os especialistas em hidráulica abordaram filosoficamente as falhas e os erros técnicos durante o Iluminismo? Embora tenha recebido investimento e apoio governamentais para construir a sua máquina, Castelli fracassou no seu projeto de reabilitação de terras. Este estudo de caso italiano permite, assim, reconsiderar o papel público e social da própria tecnologia, bem como das estratégias de emulação no período das reformas iluministas. Sobre a autora Lavinia Maddaluno é investigadora em História Moderna no Departamento de Humanidades da Universidade Ca' Foscari de Veneza. Historiadora da ciência interessada nos nexos entre humanos, natureza e economia na Europa do período moderno, tem publicado sobre práticas hidráulicas em Marselha durante o mercantilismo de Colbert, a produção de azeite em Roma no século XVIII, e a saúde pública na Milão renascentista. Lavinia acaba de concluir a sua primeira monografia, intitulada Science and Political Economy in Enlightened Milan (1760-1805), que será publicada pela Voltaire Foundation no outono de 2024. Recebeu várias bolsas após o doutoramento (realizado em Cambridge, Reino Unido, 2018): foi Rome Fellow na British School at Rome, Max Weber Fellow no Instituto Universitário Europeu e Warburg/I Tatti Fellow em História da Ciência. Recentemente, Lavinia ganhou uma bolsa Atlas, financiada conjuntamente pela Fondation Maison des Sciences de l'Homme e pela Fondazione Einaudi, para trabalhar num novo projeto sobre redes de conhecimento relativas ao arroz entre a França e a Itália no Iluminismo. Organizador: Miguel Carmo O IHC é financiado por fundos nacionais através da FCT — Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito dos projectos UIDB/04209/2020, UIDP/04209/2020 e LA/P/0132/2020 (DOI 10.54499/LA/P/0132/2020)