Pensar obras e trajetórias a partir de arquivos pessoais: considerações sobre os Finley Papers
O uso de fontes arquivísticas em pesquisas de história intelectual está longe de ser algo óbvio. Grande parte dos trabalhos na área concentra os seus esforços na interpretação dos textos publicados que compõem uma obra - mesmo que sob a rubrica de autores associados a tal obra se organizem um ou mais acervos de manuscritos. Contudo, a elaboração de um problema de investigação voltado para a relação entre atividade intelectual e experiência social faz dos arquivos um material de pesquisa estratégico.
Este trabalho reflete sobre os usos e abusos dos chamados arquivos pessoais em pesquisas de história intelectual, com especial foco na história da historiografia e das ciências sociais.
Tendo por base uma experiência de pesquisa com o arquivo pessoal de Moses Finley e uma bibliografia crescente sobre essa temática, identificam-se as possibilidades abertas, os percalços encontrados e os cuidados necessários no uso desse tipo de material em investigações de história intelectual. Argumenta-se que os arquivos pessoais constituem um terreno privilegiado para a observação da produção de conhecimento enquanto processo (algo que a fonte publicada frequentemente escamoteia, ocultando as marcas de construção dos produtos intelectuais) e em suas condições efetivas (condições que entrevistas e homenagens académicas tendem a codificar em um discurso normativo).
Sobre o autor
Miguel Palmeira é professor de teoria e metodologia da História na Universidade de São Paulo. É autor de Moses Finley e a economia antiga: a produção social de uma inovação historiográfica (Intermeios, 2018), entre outros trabalhos de história da historiografia e das ciências sociais que enfatizam os laços entre atividade intelectual e experiência social.
Atualmente, é editor-chefe da Revista de História, publicação do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Organizador: Felipe Brandi
O IHC é financiado por fundos nacionais através da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito dos projetos UIDB/04209/2020, UIDP/04209/2020 e LA/P/0132/2020 (DOI 10.54499/LA/P/0132/2020)
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