18:00
Antropologias da televisão  / Anthropologies of Television

Antropologias da televisão / Anthropologies of Television

Antropologias da televisão

Projecção de Andromeda, Luciana Fina, 2023, Portugal-Itália, 73’ e de Un mito antropologico televisivo, Alessandro Gagliardo, Maria Helene Bertino, Dario Castelli, 2011, Itália, 54’.

Projeção e conversa com Luciana Fina e Alessandro Gagliardo moderada por Raquel Schefer

17 Junho, 18h

A quinta sessão do programa “Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo” leva a cabo um desvio, centrando-se na história da televisão italiana através das filmografias de Luciana Fina e de Alessandro Gagliardo. Em “Andromeda” (2023), Fina explora as passagens entre o espaço instalativo e o espaço cinematográfico (o filme resulta de uma instalação apresentada nas Carpintarias de São Lázaro em 2021) e as tensões entre o dispositivo televisivo e o dispositivo cinematográfico. Articulando um conjunto de arquivos da televisão pública italiana produzidos nas décadas de sessenta e setenta com sequências registadas pela cineasta, a longa-metragem debruça-se sobre “a televisão como utopia”, para citar o título da antologia editada por Adriano Aprà em 2001 a propósito do projecto televisivo de Roberto Rossellini, sobre o pano de fundo da luta de classes e da luta feminista na Itália do pós-guerra. A história geral e a história visual e cultural aliam-se aqui às potências sensíveis da memória, já que Fina aborda a história da televisão pública italiana a partir da reconstituição de um episódio de infância. Fundo e forma encontram-se em perfeito equilíbrio. As especificidades tecnológicas do dispositivo televisivo — a sua dimensão audio-visual e o sistema de circuito fechado, entre outros aspectos — adquirem expressão formal na dialéctica do som e da imagem, na abertura material do filme-objecto à esfera espectatorial e no sofisticado trabalho da relação entre campo, contracampo e fora de campo histórico e utópico. Numa das sequências de “Andromeda”, Fina reemprega arquivos de uma conversa entre Theodor W. Adorno e Umberto Eco na televisão italiana em 1966. Nesta, o filósofo alemão diferencia o potencial emancipatório do dispositivo televisivo dos seus usos ideológicos dominantes. “Un mito antropologico televisivo” (2011) opera, precisamente, sobre um princípio de desactivação do funcionamento dominante da televisão. Reunindo um conjunto de arquivos de uma televisão local de Catânia produzidos entre 1991 e 1994, período de desagregação do paradigma de emancipação do pós-guerra que, precedendo a ascensão de Berlusconi ao poder, é marcado pelo assassinato dos Juízes Falcone e Borsellino, “Un mito…” não só evidencia os agenciamentos entre a história geral e a história das representações. Ao desestruturar os sintagmas discursivos e os constructos ideológicos através das suas formas de montagem, o filme colectiviza também os arquivos televisivos, restituindo-os ao uso comum e apontando

Amérika: Gestos Cinematográficos para Encantar o Mundo” é um Programa de Investigação com curadoria e orientação de Raquel Schefer.

Rua Damasceno Monteiro, 12 r/c, 1170-112 Lisboa
3º andar, com escadas
Entrada livre

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Anthropologies of Television

Screening of Andromeda, Luciana Fina, 2023, Portugal-Italy, 73’ and Un mito antropologico televisivo (An Anthropological Television Myth), Alessandro Gagliardo, Maria Helene Bertino, Dario Castelli, 2011, Italy, 54’.

Screening and talk with Luciana Fina and Alessandro Gagliardo moderate by Raquel Schefer

17 June, 6pm

The fifth session of the programme “Amérika: Cinematographic Gestures to Reenchant the World” takes a detour, focusing on the history of Italian television through the filmographies of Luciana Fina and Alessandro Gagliardo. In “Andromeda"(2023), Fina explores the passages between the installation and the cinematic spaces (the film is the result of an installation exhibited at Carpintarias de São Lázaro in 2021), along with the tensions between the television device and the cinematographic one. Articulating a set of archives produced by the Italian public television in the 1960s and 1970s with sequences recorded by the filmmaker, the feature focuses on “television as utopia”, to quote the title of the anthology edited by Adriano Aprà in 2001 on Roberto Rossellini's television project, against the backdrop of the class struggle and the feminist struggle in post-war Italy. General history and visual and cultural history combine here with the sensory potencies of memory as Fina addresses the history of Italian public television reenacting a childhood episode. Content and form are in perfect balance. The technological specificities of the television device —its audio-visual dimension and the closed-circuit system, among other aspects— acquire formal expression in the dialectic of sound and image, the material openness of the film-object to the spectatorial sphere and the sophisticated approach to the relation between “champ”, “contrechamp” and a historical and utopian “hors champ”. In one of the sequences of “Andromeda”, Fina re-uses archives from a conversation between Theodor W. Adorno and Umberto Eco on Italian television in 1966, in which the German philosopher differentiates the emancipatory potential of the television device from its dominant ideological uses. “Un mito antropologico televisivo” operates precisely on deactivating the dominant functioning of television. Bringing together a set of archives from a local television station of Catania produced between 1991 and 1994, a period of disintegration of the post-war emancipation paradigm which, preceding Berlusconi’s rise to power, was marked by the assassination of Judges Falcone and Borsellino, ‘Un mito...’ not only points to the knots between general history and the history of representations. By destructuring discursive syntagms and ideological constructs through its forms of montage, the film also collectivises television archives, restoring them to common use and denoting the emancipatory potential of the technological device both in aesthetic and political terms.

‘Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo’ is a Research Program curated and mentored by Raquel Schefer.

Rua Damasceno Monteiro, 12 r/c, 1170-112 Lisboa
3rd floor, with stairs
Free entry

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