Ciência e Cultura. Quebrar fronteiras: "A 'alienatio mentis' e os limites da razão na literatura medieval em Portugal
CICLO DE SEMINÁRIOS | 24 jun. '24 | 14h30-16h30 | Sala de Formação | Entrada livre
RESUMO
O conceito de alienação mental surge, nos alvores da psiquiatria moderna, como uma das chaves para decifrar o enigma da loucura ou da desrazão. Mas, se tentarmos proceder a uma genealogia do conceito, é muito intrigante que a mesma palavra tenha servido, nomeadamente na literatura mística e de espiritualidade cristã, para designar o excessus da mente ou, o que é o mesmo, a mais arguta lucidez. Por que razão um mesmo vocábulo veio a significar realidades aparentemente tão díspares?
A sessão visa problematizar esta feição antinómica do conceito de alienatio mentis, colocando, em diálogo, textos médicos e literatura de espiritualidade de finais do período medieval. Partindo de uma análise do livro Bosco Deleitoso, procurar-se-á explorar o significado e alcance antropológico da noção de alienação, as suas variações de sentido, averiguando os motivos pelos quais o conceito foi apropriado quer pela tradição mística, quer pela psiquiatria. Entre outros textos, dar-se-á atenção, também, ao Horto do Esposo e ao Leal Conselheiro visando recriar este universo de sentido.
SOBRE O AUTOR
Bruno Barreiros é investigador integrado no CHAM-NOVA e professor no ensino secundário (Colégio Marista de Carcavelos). As suas publicações mais recentes têm explorado as interseções entre a filosofia, a psiquiatria e a literatura
PRÓXIMAS SESSÕES
* 22 julho | O problema estético em G. W. Leibniz | Sofia Araújo
* 23 setembro | A ciência da alma na ‘Philosophia Libera' (1673) de Isaac Cardoso | Luciana Braga
* 21 outubro | Feminino e objeto feitiço: a dinâmica da falta na relação de objeto | Joana Lamas
Coordenação: Adelino Cardoso e Nuno Miguel Proença
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