21:30 até às 22:30
Residencial Porta-Jazz | Joaquim Festas 'albAtroz'

Residencial Porta-Jazz | Joaquim Festas "albAtroz"

"A pequena criatura alada sentia-se particularmente frustrada naquela manhã solarenga e calorosa, boiando num mar desconhecido e calmo com os seus amiguinhos pássaros. Tinha o estômago a dissolver um delicioso peixe acabado de caçar, não via predadores à vista, mas sentia uma inquietação flamejante no seu espírito, um incómodo incessante que conquistava toda a sua atenção. Berrando e onomatopeando, levantou voo, pensando estar enjoada com o balançar das ondas, e procurou terra seca. Pelo caminho continuava a melodiar, não sabendo bem porquê, mas temendo que se parasse iria certamente implodir. Passou por vários pássaros, diferentes e semelhantes, que inevitavelmente ouviam o seu chilrear. Uns não gostavam porque pensavam que era uma tempestade atónica de sons sem sentido, outros pensavam que era demasiado comercial e superficial, que faltavam uns piu pius com mais conteúdo, outros escrutinavam e rolavam os olhos, exclamando que os pássaros já faziam aquele som há muito e tempo e que faltava originalidade. Havia um ou outro que dizia que gostava, mas era porque eram amigos dela e não queriam fazê-la sentir-se mal. A albAtroz, sentindo-se derrotada, calou-se e continuou o seu caminho, reparando que de facto não implodiu, mas não soube se devia ficar triste ou feliz com aquela informação. Lá achou terra, pousou, mas aquela ansiedade vulcânica que lhe corroía a alma de uma forma insuportável ainda estava, portanto, a incomodá-la um pouco. Ponderou por uns momentos se aquela instabilidade emocional se devia ao facto de a Terra estar sempre a rodar sobre si mesmo e por isso nunca estando verdadeiramente parada, mas encolheu os ombros e olhou em sua volta, rodando também sobre si. Viu um aquário perto dela, e dentro dele uma tartaruga. O aquário era moderadamente bonito, nem muito grande nem muito pequeno, e a tartaruga lá passeava, vagueando no seu excremento, pois parecia que já não lhe trocavam a água há muito tempo. A ave teve pena, pois apercebeu-se que por muito que a tartaruga tentasse nunca conseguiria sair do aquário por vontade própria. Ainda pensou em ajudá-la, mas não queria sujar as asas na água choca, então virou costas e levantou voo, sentindo-se orgulhosa de si mesma por ter tido pena da tartaruga, e um pouco mais aliviada por ao menos não estar naquele aquário, ignorante do facto que tinha também um à sua volta, do qual nunca escaparia por muito que tentasse, e lá recomeçou o seu piu piu."

Joaquim Festas - Guitarra
Joana Raquel - Voz
Gil Silva - Saxofone
Rafael Gomes - Saxofone
João Cardita - Bateria

5€ normal / 3€ membros (doação sugerida)

Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android