CCOP - Circulo Católico de Operários do Porto
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Alicerçado no rock, o espírito dos .cruzamente não é saudosista, mesmo que venerem os antepassados e confiem na fraca memória que possuem como prova da intemporalidade de algo. De igual modo, também não procuram o futuro. Volta e meia, apercebem-se dele, vêem-se nele envolvidos, quando erguem o olhar até então preso aos seus instrumentos. Nem tampouco se procuram a eles mesmos, pelo menos enquanto grupo. Talvez seja isso, quando juntos, são. Sem buscas, sem querer. O que faz com que, a quem passa, pareçam crianças, numa bolha a esvoaçar sem nunca tocar no tempo. Afinal, têm uma pretensão, que essa bolha possa carregar o máximo de gente e de lugares com eles, e flutuar sem tempo e sem rumo. Os .cruzamente são uma banda de Vila do Conde, composta por Francisco Rodrigues (voz) Pedro Cardoso (saxofone e harmónica) Carlos Loureiro (guitarra) Rodrigo Aroso (baixo) e Guilherme Magalhães (bateria). Os temas são originais e em português com uma base pop/rock, incluindo vários elementos funk, sem restrições. Dão os seus primeiros passos na música em 2012, quando atuaram pela primeira vez ao vivo em Mindelo - Vila do Conde. Desde então, tocaram em vários espaços de música ao vivo de Norte a Sul do país, queima das fitas do Porto, Festa do Avante, Festivais de Verão e espetáculos comunitários. Durante este percurso lançaram três EPs: CruzaMente (2015); agitado (2019) e doninha (2020) O seu primeiro álbum um bicho como nós irá ser editado no dia 10 de Maio e será apresentado ao vivo no próximo dia 18 de Maio no CCOP no Porto. Produzido, captado e misturado por Pedro Vidal (Jorge Palma, Blind Zero) e masterizado por Mário Barreiros. Poucos de nós terão vivido tempos tão polarizados como estes. A amplitude torna-se tão reduzida, que é difícil percepcionar quem está do outro lado e é fácil, por isso, reduzi-lo à grandeza da nossa imaginação. Sim, porque cada bicho é um bicho e não sabemos se é possível imaginar um, uno e inteiro, sem que ele seja uma parte de nós. Até um bicho como nós mesmos é difícil de imaginar de forma plena, teríamos de nos conhecer muito bem. Possível ou não, é um bom exercício, o do auto-conhecimento. Sobretudo quando nos leva a partes que nunca antes tínhamos encontrado. Ficamos mais fortes, também porque nos apercebemos da falibilidade dos nossos sistemas de avaliação. Se falhamos connosco, também falhamos com os outros e isso obriga a que a nossa constante redescoberta passe pela reavaliação do outro, cada vez mais, até que a amplitude aumente e nos apercebamos que do outro lado está um bicho como nós. Tão feio quanto bonito, tão forte quanto fraco. Vivo, falível. “bichos” é o single de estreia do primeiro LP dos .cruzamente, um bicho como nós, e promete trazer intensidade às playlists atuais. Bichos há muitos. De várias formas e em vários lugares. E nós, que somos um, também os temos por dentro, do intestino à cabeça. Imaginários ou não, os sintomas são claros: visão toldada, forças enfraquecidas, vontades distorcidas… Queremos que os bichos saiam de nós e sair com eles! O vídeo que acompanha o single foi escrito e realizado por Alberto Almeida e tem como inspiração “Mago”, conto escrito por Miguel Torga, pertencente à colectânea Bichos. Sentimos que este conto tem uma grande relação com a canção e que sobressairia entre um dos inúmeros cenários possíveis para a descrever. O Mago é um gato que se sente aprisionado no conforto do lar que o adoptou, mas não é fácil libertar-se. Será que consegue? Será que conseguimos?
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