Neste pequeno conjunto de desenhos, pelo menos dois assuntos se perfilam. Um, dominado pelo sentido da série, que como uma espécie de ensaio exprime uma estrutura e a leitura possível do todo. O outro, assente na montagem, permite construir narrativas que confluem para a validação do projecto, ultrapassando o quadro na dimensão original do seu silêncio, a alegoria enquanto paradigma estético. (…)
(…) Aquilo que têm em comum os desenhos e a pequena pintura da exposição com a súmula da questão é o facto de os desenhos e a pequena pintura pertencerem, como um iminente caso de pretensão fenomenológica, ao fim do mundo da arte. A série é uma experiência subjectiva que faz oscilar a produção da pintura através de um conjunto de fases que só aparentemente terminam na montagem e na exposição.
Em qualquer dos casos, denota-se um vínculo de sentido expressionado na linguagem da série, mas que não ultrapassa a intencionalidade do autor, que é o mesmo que dizer que se trata de uma experiência de alguém cultivado num determinado tempo, mas que pretende levar em linha de conta a historicidade da sua experiência, assim como a do objecto através do qual se manifesta essa experiência.
E no entanto, creio que nada disto serve para explicar a arte que se faz, ou para produzir arte, a não ser para, muito diligentemente, transformar em norma de transitividade aquilo que é puramente pessoal.
Por isso, esta insistência em desenhar e pintar, particularizando uma universalidade que é, apenas e só, a unidade do quadro projectada no que queremos ver. Toda esta série é um corpo orgânico, que implica fortemente a imaginação do observador.
José Miguel Gervásio
Terça a sexta, das 11h às 19h, sábado, das 11h às 18h
Fonte: https://agendalx.pt/events/event/jose-miguel-gervasio/