Em Flying Horse, Nude, Cat, o elemento subterrâneo que amarra toda a exposição de Albert Tannat e Kenneth Stitt é a sonoridade (plástica e literal) punk-jazz: a improvisação, o absurdo, a pós-ironia, a colagem enquanto método expositivo. O ruído da máquina de fliperama convive com gatos naif, a madeira convive com o plástico e o acrilico, cavalos alados morrem sobre a tela do telemóvel. Figuras alegóricas - como o próprio cavalo, como mulheres nuas - perdem seu caráter mítico e existem enquanto seres deformados, caídos, misturados a outros elementos, fora do pedestal que são colocados. A força do trabalho de Tannat e Stitt é precisamente trazer à tona a total banalidade da vida, mas de modo enviesado, torto, estranho. Não é a vida como ela é, nem sequer como a imaginamos, porque aqui a expressão se constrói a partir da experiência do corpo e da mão, sem necessariamente passar pelo consciente. As mesmas mãos que dão cor e traço também dão forma à madeira, abrem a cerveja, lutam boxe, cortam cabelo, lavam pratos, fazem carinho no gato. Texto: Betina Juglair