Livros de Viagens. Entre conhecimento do mundo, criação e dominação COLÓQUIO | 20-21 set. '23 | 15h00-18h00 | Auditório | Entrada livre Os livros de viagens constituíram, ao longo de séculos, um género narrativo multifacetado onde a Literatura se cruza com a História, a Antropologia e a Ciência. Com maior ou menor pormenor descritivo, com mais ou menos efabulação, o viajante que faz o relato da sua experiência pretende dar a conhecer a um público interessado o que testemunhou na sua viagem. O advento da imprensa trouxe novas perspetivas para a divulgação dos livros de viagens que tinham circulado em cópias manuscritas. Os «descobrimentos marítimos», o encontro e confronto com o Outro e o interesse em divulgar informação e criar conhecimento, resultaram num progressivo apuramento narrativo e representativo, estimulado pelo recurso a imagens, por forma a agradar ao prospetivo leitor. E também contribuíram para se criar outras formas de dominação (simbólica, sociocultural, territorial), que foram manejadas pelos Estados e certos sectores políticos e sociais como modo de afirmação, simbólica, política, geoestratégica, etc. Os principais géneros de relatos reportam-se a viagens de peregrinação, de expansão religiosa, de conquista, de comércio, de exploração geográfica e científica, de lazer e turismo, não esquecendo as viagens ficcionais. Quanto aos formatos editoriais podemos considerar, entre outros, os diários, os guias, a correspondência epistolar e também os relatos científicos e as narrativas literárias de escritores-viajantes. O advento das novas tecnologias abriu a porta aos "viajantes digitais" levando o conhecimento de lugares, culturas e sociedades a uma partilha ativa de experiências e imagens e, no limite, a novos modelos de livros de viagens. Neste colóquio questiona-se a importância dos livros de viagens em distintas épocas e sociedades, a sua divulgação e receção por diversos públicos e o impacto do paradigma digital neste género literário. A apresentação de estudos de caso será, ainda, uma oportunidade para debater conceitos, modelos narrativos e estereótipos. Programa [provisório] 20 de setembro 15:00 - 16:10 As "delícias" censuradas: um olhar sobre Espanha e Portugal no século XVIII Fernanda Maria Campos (CHAM - Centro de Humanidades, NOVA FCSH) "Quem ler os livros que eu li": Aproximações à biblioteca de Fernando Oliveira Rui Loureiro (CHAM - Centro de Humanidades, NOVA FCSH) Ir a Roma em 1750: impactos indeléveis de uma viagem Maria Luísa Cabral (Investigadora independente) 16:30 - 17:40 A poética da viagem em Hélia Correia: um percurso sobre a memória pessoal coletiva e literária Ana Raquel Fernandes (CEAUL/ULICES, Universidade Europeia) Viagens e revoluções na narrativa de Alejo Carpentier Isabel Araújo Branco (CHAM - Centro de Humanidades, NOVA FCSH) Poesia de viagens (Lendo Arménio Vieira) Elizabeth Olegário (CHAM - Centro de Humanidades, NOVA FCSH) Escritor a confirmar 21 de setembro 15:00 - 16:10 O Oriente não é mais do que um "harém": a viagem de Eça ao Egipto Everton Machado (CEC/ULisboa) Macau na Geopolítica e na Cultura Visual Vitorianas: Os (Guias dos) Panoramas de Leicester Square como Escrita de Viagens Rogério Puga (CETAPS / CHAM - Centro de Humanidades, NOVA FCSH) Flora Tristán na Praia, Cabo Verde Joana Rodrigues (NOVA FCSH) 16:30 - 17:40 Retomar os passos, seguir a senda: os itinerários quinhentistas revisitados pelas narrativas de viagem publicadas hoje em Portugal Catarina Nunes de Almeida (CEC/ULisboa) Viagem de Desaprendizagem, Escuta Decolonial e Hospitalidade Incondicional em Alexandra Lucas Coelho Margarida Rendeiro (CHAM - Centro de Humanidades, NOVA FCSH) Modelo(s) narrativo(s) e protagonismo leitor. Reflexões a partir de Jalan, Jalan: uma leitura do mundo de Afonso Cruz Maria de Fátima Outeirinho (Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa / UP) Organização: Grupo Informação, Leitura e Formas de Escrita e Grupo Estudos Transculturais, Literários e Pós-Coloniais, CHAM - Centro de Humanidades NOVA FCSH Coordenação: Daniel Melo, Fernanda Maria Guedes de Campos e Margarida Rendeiro