Cinema Medeia Nimas, quarta-feira, 19 de Julho, 22h RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA de João César Monteiro Primeira exibição da Cópia Digital Restaurada Conversa com Miguel Gomes e Paulo Branco
“Contra todos os fogos, o fogo, o meu fogo.”
No texto “César Monteiro: depois de Deus”, publicado no livro Pour João César Monteiro (Paris, 2004) e depois, com pequenas variantes, no catálogo João César Monteiro, editado pela Cinemateca Portuguesa (2005), João Bénard da Costa escrevia:
“Vinte anos vivemos na casa dos mortos, ou na casa amarela. João César Monteiro/João de Deus ressuscitou dela para a contar a todos nós. É uma ‘comédia lusitana?’. É uma tragédia portuguesa? É um filme de género? Como João de Deus responde ao polícia que lhe pergunta se A Morte de Empédocles (a de Hölderlin, ou a de Straub?) é policial, a réplica exacta é a dele: ‘Não. É Celestial’. Desse género é que é o filme.”
Passam este ano vinte anos sobre a morte de João César Monteiro. E na próxima quarta-feira, 19 de Julho, vamos ver no Nimas uma cópia “ressuscitada” de RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, opus 1 da sua da “trilogia de Deus”. Aqui nasce a personagem alter-ego de João César Monteiro, João de Deus.
Esta será a primeira apresentação pública da nova Cópia Digital Restaurada do filme, levada a cabo pela Cinemateca Portuguesa e realizada pelo laboratório Irmalucia, sob a supervisão do director de fotografia do filme, José António Loureiro.
A anteceder a projecção, uma conversa com o realizador Miguel Gomes e Paulo Branco.
RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA de João César Monteiro com João César Monteiro, Manuela de Freitas, Ruy Furtado, Teresa Calado, Luis Miguel Cintra PT, 1989, 120' Primeira exibição pública da CÓPIA DIGITAL RESTAURADA
Festival de Veneza — Selecção Oficial em Competição
“Lisboa, 1989. Um pobre-diabo de meia-idade vive no quarto de uma pensão barata e familiar, na zona velha e ribeirinha da cidade. Atormentado pela doença e por vicissitudes de ordem vária, o idiota, que se alimenta de Schubert e, quiçá, de uma vaga cinefilia como forma de resistência à miséria, é posto no olho da rua, após tentativa fruste contra o pudor da filha da dona da pensão. Sozinho, e privado de quaisquer recursos, vê-se confrontado com a dureza do espaço urbano e é internado num hospício, de onde sairá por ponderada decisão de homem livre, para cumprir uma missão "rica e estranha" que lhe é indicada por um velho amigo, doente mental como ele: ‘Vai e dá-lhes trabalho!’ E aqui para nós, a rir a rir, algum tem dado...” João César Monteiro