No centenário da "Divulgação Musical" (1923-1940) CONCERTO COM PALESTRA | 24 jun. '23 | 16h30 | Átrio do Anfiteatro | Entrada livre Em 24 de Junho de 1923 a amadora de canto Emma Santos Fonseca da Câmara Reys (1897-1968) deu início ao seu projeto "Divulgação Musical", com a apresentação de um concerto dedicado à música de Erik Satie e o grupo dos "Seis". A partir de 1923 e até 1940, Emma da Câmara Reys organizou 142 concertos enquadrados na iniciativa "Divulgação Musical", que teve como palco principal o salão da sua própria casa, no nº 41 da Rua Bernardo Lima em Lisboa, mas que rapidamente encontrou um grato acolhimento noutros espaços como a Universidade Popular Portuguesa, o Salão do Conservatório Nacional e a Academia de Amadores de Música, entre outros, tendo alguns dos concertos sido radiodifundidos através da Rádio Renascença e da Emissora Nacional. Este ciclo de concertos tinha como objetivo a introdução de repertórios musicais desconhecidos no meio musical português, servindo-se do formato de "conferência-concerto" e privilegiando a interpretação de obras de música vocal da Idade Média e do Renascimento, música de câmara moderna e música "folclórica" / música popular. As palestras introdutórias tinham o propósito de fornecer um contexto histórico-biográfico dos compositores e das obras. Deste modo, tentava-se despertar a curiosidade do público para a apreciação e fruição das novas músicas, orientando a sua audição. Com programas muito inovadores para a época, a receção aos concertos nem sempre foi unânime, originando alguns escândalos, como foi o caso da primeira audição de Pierrot lunaire de Arnold Schönberg. Entre os palestrantes convidados despontam Luís de Freitas Branco e Fernando Lopes-Graça assim como muitos membros do círculo da Seara Nova como António Sérgio, Bento de Jesús Caraça e o próprio Luís da Câmara Reys, marido da cantora. O valor e a relevância deste singular projeto motivaram Emma da Câmara Reys a publicar as palestras, os programas dos concertos e as respetivas críticas numa coletânea em 5 volumes, intitulada Divulgação Musical. Este importante corpus documental não sintetiza apenas o titânico trabalho empreendido pela cantora, como também demostra o importante valor patrimonial que legou ao meio musical lisboeta, tendo enviado cópias da coleção Divulgação Musical às mais diversas bibliotecas em Portugal e no estrangeiro. Considerando que o espólio de Emma Santos Fonseca da Câmara Reys se encontra na Biblioteca Nacional de Portugal - Área da Música, este concerto pretende recriar integralmente o primeiro programa da iniciativa "Divulgação Musical" para assim assinalar a comemoração do seu centenário. Programa - Erik Satie e os "Seis" Conferência (de Oliva Guerra) | lida por Jéssica L. Pires Obras de Erik Satie Interpretação de Eduardo Portugal (barítono) e Philippe Marques (piano) Gymnopédie (1.ª) | Chanson (1920), texto do século XVIII Obras de Arthur Honegger Automne (1915), texto de Guillaume Apollinaire, interpretação de Eduardo Portugal (barítono) e Philippe Marques (piano) | A la "Santée" (1916), texto de Guillaume Apollinaire, interpretação de Alberto Pacheco (tenor) e Philippe Marques (piano) | L'Adieu (1917), texto de Guillaume Apollinaire, interpretação de Alberto Pacheco (tenor) e Philippe Marques (piano) | Saltimbanques (1917), texto de Guillaume Apollinaire, interpretação de Maria Teresa Projecto (mezzo-soprano) e Philippe Marques (piano) Obras de Darius Milhaud Interpretação de Maria Teresa Projecto (mezzo-soprano) e Philippe Marques (piano) Fête de Montmartre (1919), texto de Jean Cocteau | Les soirées de Pétrograde (1919), texto de René Chalupt | L'Ancien regime : L'Orgueilleuse ; La révoltée ; La martiale ; L'infidèle ; La perverse ; L'irrésolue Obras de Georges Auric Hommage à Erik Satie (1918), texto de Jean Cocteau, interpretação de Eduardo Portugal (barítono) e Philippe Marques (piano) | Réveil (1918), texto de Jean Cocteau, interpretação de Alberto Pacheco (tenor) e Philippe Marques (piano) | Pastorales (2.ª), interpretação de Philippe Marques (piano) Obras de Francis Poulenc Interpretação de Eduardo Portugal (barítono) e Philippe Marques (piano) Mouvements perpétuels (1918) | Le Cortège d'Orphée (1918), texto de Guillaume Apollinaire : Le dromadaire ; La Chévre du Thibet ; La sauterelle ; Le dauphin ; L'ecrevisse, La carpe Obras de Louis Durey Interpretação de Alberto Pacheco (tenor) e Philippe Marques (piano) Poèmes de Pétrone (1918), texto de Hégun de Guerle | La boule de neige | Inscriptions sur un oranger (1918), texto de Evariste Parny | Oranger dont la voute | Bel arbre Esta atividade é organizada sob a coordenação científica de Alejandro Reyes-Lucero no contexto do Seminário Permanente do Grupo de Estudos Históricos e Culturais em Música do Inet-md. Sobre os Intérpretes Alberto José Vieira Pacheco Professor do Curso de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa e Coordenador do Doutoramento em Artes Musicais. É investigador do CESEM, sendo um dos membros fundadores do Caravelas, Núcleo de Estudos da História da Música Luso-Brasileira. Tem uma carreira bastante ativa como intérprete, tendo já colaborado na gravação de 5 CDs no Brasil e em Portugal. Possui um canal no YouTube, no qual divulga o patrimônio musical brasileiro e português: https://www.youtube.com/user/Albertovieirapacheco/about Eduardo Portugal Iniciou os seus estudos de canto no Conservatório Regional de Gaia. É licenciado em Música, na variante Canto, tendo concluído o Mestrado em Música em 2022 na Universidade de Aveiro. No campo da ópera interpretou diversos papéis como "Sacerdote" na Flauta Mágica e "Guglielmo" em Cosi fan tutte, de W.A.Mozart; "Doutor Miracle" em Os Contos de Hoffmann, de Jacques Offenbach, entre outros. No domínio da oratória, participou como solista na Paixão segundo S. João e Magnificat de J. S. Bach, Via Crucis de Franz Liszt, Messa di Glória de Puccini, Requiem Op. 45 de Brahms e Stabat Mater Op. 58 de A. Dvořák. Maria Teresa Projecto Jovem mezzo-soprano, que se dedica especialmente ao repertório operático. É doutorada em Belas-Artes pela Universidade de Lisboa, com uma coorientação em Musicologia, investigadora (CIEBA, CESEM) e autora de traduções e ensaios. Como solista, trabalhou recentemente com Marina Viotti, John Pickering e Eleonora Pacetti. No seu percurso recente, destacam-se a produção do Teatro do Elétrico, "Cortes de Júpiter" (música de Filipe Raposo, textos de Gil Vicente e encenação de Ricardo Neves-Neves) e o recital Serenata Andaluza com o pianista Tiago Mileu, para a Antena 2. Philippe Marques Estudou no Conservatório Nacional e na Escola Superior de Música de Lisboa, onde finalizou o mestrado com a classificação máxima. Atua regularmente em algumas das mais importantes salas de concerto a nível nacional. Apresentou-se também em França, EUA e Brasil. É membro do Ensemble MPMP e colabora regularmente com a Orquestra Gulbenkian ea Orquestra Metropolitana de Lisboa, entre outras. A sua discografia inclui a integral das sonatas de J. D. Bomtempo (4 CDs) e vários CDs de música de câmara.