O Riso dos Necrófagos começa nos vestígios da Guerra da Trindade (São Tomé e Príncipe, 1953) encontrados na ilha de São Tomé, pela encenadora Zia Soares e pelo músico Xullaji, nas bocas dos que a viveram e dos que a ouviram contar. Na Guerra da Trindade os mortos foram amontoados em valas comuns ou nunca encontradas, amontoados no fundo do mar ou no meio do fogo — um exercício de violência perpetrado pelo invasor que acredita que ao despojar os mortos dos seus nomes os condena ao esquecimento. Mas para os santomenses esses mortos são presenças na ilha como símbolo encarnado, e para os celebrar, no dia 3 de fevereiro de todos os anos, cumprem um itinerário ritualístico desde o centro da cidade de São Tomé até à praia Fernão Dias, desfilando ao longo de várias horas numa marcha amplificadora de falas, cantos e risos que saem de corpos convulsos.
O Riso dos Necrófagos transporta a esfera carnavalesca do desfile para o chão da performance construindo a isocronia no corpo dos atuantes; é prolongamento do percurso celebratório, entrópico, onde os atuantes manipulam imagens, desossam e riem do delírio na convergência de todos os tempos que evoluem por via de mecanismos do transe e da possessão — o corpo transfigura a cena à medida que os vestígios e os fragmentos da carnificina são devorados pelos atuantes-necrófagos.
É a ilha-necromante. É o manifesto do riso. A exultação do riso abençoado pelos mortos. Um caos que não define a ordem. Afinal a utopia de esvaziar o mar.
direção e encenação Zia Soares
texto Alda Espírito Santo, Conceição Lima, Zia Soares
música Xullaji
interpretação Aoaní Salvaterra, Benvindo Fonseca, Daniel Martinho, Lucília Raimundo, Mick Trovoada, Neusa Trovoada, Xullaji, Zia Soares
cenário e figurinos Neusa Trovoada
design de luz Jorge Ribeiro
movimento Lucília Raimundo
apoio ao movimento Marcus Veiga
tradução para forro Solange Salvaterra Pinto
confeção de figurinos Aldina Jesus
operação de som Sara Marita
vídeo promocional António Castelo
design gráfico Neusa Trovoada
assistência geral antonyo omolu
produção Teatro GRIOT
coprodução Culturgest
apoios Academia Arte&Dança, Associação Mén Non, Batoto Yetu, CACAU, Câmara Municipal da Moita, Carlos Caetano - Construções Ilimitadas, Casa da Dança, DeVIR/CAPa - Centro de Artes Performativas do Algarve, Foundation Obras, Fundação Alda Espírito Santo, Hangar, Junta de Freguesia Misericórdia, Khapaz, Polo Cultural Gaivotas Boavista, República Democrática de São Tomé e Príncipe - Embaixada em Portugal, ROÇAMUNDO-Associação para Cultura e Desenvolvimento, TerranoMedia
agradecimentos Ana Torres, Benvindo Semedo, Carlos Espírito Santo, Carlos Neves, Célia Pires, elenco "Machim Gang”, Jair Pina, João Carlos Silva, Lamine Torres, Luisélio Salvaterra Pinto, Noé João, Olavo Amado
O Teatro GRIOT é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa.
Zia Soares é uma artista apoiada pela apap - Feminist Futures, um projeto cofinanciado pelo Programa Europa Criativa da União Europeia.
M/14 PREÇO 10,00€ DESCONTOS 20% Bombeiros V. de Ílhavo / Cartão Jovem Municipal / Circuito Turístico / Desempregados / Funcionário, Agente, Colaborador da CMI / Grupos +10 pessoas / Jovem até 17 anos / Profissionais da Cultura / Sénior +65 anos