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Miguel Jalôto • Claviórgão

Miguel Jalôto • Claviórgão

Sinopse

Jardim Espiritual: «Flores de Música pera o Instrumento de Tecla & Harpa».

Obras de Manuel Rodrigues Coelho (ca.1555-1635)

Flores de Música» é a única grande colecção de música instrumental impressa no Portugal seiscentista, e um dos maiores monumentos da música de tecla europeia da sua época. Foi publicada em Lisboa em 1620, na oficina do neerlandês Pedro Craesbeeck, pelo seu compositor, o organista da Capela Real padre Manuel Rodrigues Coelho, natural de Elvas. A recolha, que se julgou durante muito tempo ser a primeira obra instrumental impressa em Portugal, inclui, a par de várias obras litúrgicas — versos de órgão para o Kyrie, para diversos hinos (Ave maris stella, Pange lingua) e cânticos (Magnificat, Benedictus) — um conjunto enciclopédico de 24 tentos (obras em polifonia imitativa, a 4 vozes) escritos nos 8 tons eclesiásticos, agrupados em 3 tentos por cada tom. No final acrescentaram-se ainda 4 tentos glosados (ou seja, variados) sobre a canção espiritual «Susanne un jour» de Orlando de Lasso.

Programa

Jardim Espiritual: «Flores de Música pera o Instrumento de Tecla & Harpa». *

Obras de Manuel Rodrigues Coelho (ca.1555-1635)

Terceiro Tento do primeiro tom

[Primeiro] Tento do segundo tom por bemol

[Primeiro] Tento do terceiro tom natural

Segundo Tento do quinto tom por bemol

[Primeiro] Tento do sexto tom

Terceiro Tento do sexto tom

Segundo Tento do oitavo tom

* Reconstituição a partir de instrumentos e representações iconográficas italianas e alemãs dos séculos XVI e XVII. Disposição:

Virginal 8'

Flautado tapado 8'

Flauta de chaminé metálica 4'

Regalias (palheta) 4'

Acoplamento Virginal — Órgão

Notas de Programa:

«Plantaverat autem Dominus Deus paradisum voluptatis a principio in quo posuit hominem quem formaverat [...]» Ge 2, 8

«Erat autem in loco ubi crucifixus est hortus et in horto monumentum novum[...]».Jo 19, 41a

«Flores de Música» é a única grande colecção de música instrumental impressa no Portugal seiscentista, e um dos maiores monumentos da música de tecla europeia da sua época. Foi publicada em Lisboa em 1620, na oficina do neerlandês Pedro Craesbeeck, pelo seu compositor, o organista da Capela Real padre Manuel Rodrigues Coelho, natural de Elvas. A recolha, que se julgou durante muito tempo ser a primeira obra instrumental impressa em Portugal, inclui, a par de várias obras litúrgicas — versos de órgão para o Kyrie, para diversos hinos (Ave maris stella, Pange lingua) e cânticos (Magnificat, Benedictus) — um conjunto enciclopédico de 24 tentos (obras em polifonia imitativa, a 4 vozes) escritos nos 8 tons eclesiásticos, agrupados em 3 tentos por cada tom. No final acrescentaram-se ainda 4 tentos glosados (ou seja, variados) sobre a canção espiritual «Susanne un jour» de Orlando de Lasso.

Com esta publicação destinada aos «curiosos de Tecla & Harpa» Rodrigues Coelho pretendeu, segundo as palavras do seu prefácio, partilhar os conhecimentos e experiência adquiridos nos seus longos anos ao serviço das catedrais de Elvas, Badajoz e Lisboa, onde trabalhou antes de passar à Capela Real. Nesses tempo ensinou «muitos discípulos em várias partes do Reino [...] pelo bem da Pátria, e comum proveito, desejando que todos estudem, saibam e atendam com mais vontade ao estudo e exercício desta Arte». O seu objectivo último é a edificação e elevação espiritual, ao fazer votos que todos os que toquem as suas obras «possam, em seus instrumentos com facilidade e maior perfeição, louvar a Deus, nosso Senhor, a quem toda a glória se deve». A obra, que ilustra o que de mais erudito e requintado foi composto nesta época para os instrumentos de tecla (órgão, cravo, clavicórdio) na Península Ibérica, inclui uma introdução com algumas instruções sobre a sua correcta execução, sendo ainda recomendada pelo grande compositor Manuel Cardoso, frade carmelita e mestre de capela do Convento do Carmo de Lisboa.

O compositor, «movido do zelo do bem comum», confiava que o seu livro «não será mal recebido». Crê-se que assim tenha sido, ainda que apenas sobrevivam actualmente 11 exemplares da edição original, dispersos por Portugal, Inglaterra e Estados Unidos da América, bem como cópias manuscritas de várias das obras num único manuscrito, pertença do Arquivo da Sé de Braga. Apesar de bem conhecida e estudada, raramente se escutam em concerto uma selecção variada e transversal, sobretudo dos tentos, por se considerar serem obras longas, complexas, e de difícil audição. E, de facto, o próprio autor temia as críticas, pois encerra o capítulo das «advertências particulares para se tangerem estas obras com perfeição» com um curioso parágrafo, onde, socorrendo-se da imagética de um jardim — numa linguagem e numa alusão, tipicamente barrocas, ao «florilégio» ou ramalhete das «flores musicais» do título da colecção — sente a necessidade de se defender de eventuais inimigos ou «maldizentes», incapazes de apreciarem a sua obra: «E, sendo assim, com diligência, exercitadas estas Flores, que para discípulos e tangedores benévolos desde a Primavera dos meus anos cultivei, juntamente com voto e parecer de músicos insignes, que nelas como brandos zéfiros aspirando, as fizeram crescer e multiplicar, de tal maneira frutificarão, que por mais que o vendaval dos maldizentes se reforce, e levante contra elas, nunca se murcharão, mas em seu vigor permanecerão, para maior louvor, e glória de nosso Senhor Jesus Cristo, e de sua santíssima Mãe. Amen».

Fernando Miguel Jalôto

Biografia:

Fernando Miguel Jalôto iniciou os estudos de cravo com Maria de Lourdes Alves no Conservatório de Música do Porto, completando os diplomas de Bachelor of Music e de Master of Music no Departamento de Música Antiga e Práticas Históricas de Interpretação do Conservatório Real da Haia (Países Baixos), na classe de Jacques Ogg. Frequentou master-classes com Gustav Leonhardt, Olivier Baumont e Ilton Wjuniski, entre outros. Estudou também órgão barroco e clavicórdio, e foi bolseiro do Centro Nacional de Cultura. É Mestre em Música pela Universidade de Aveiro e presentemente é Doutorando em Ciências Musicais | Musicologia Histórica na Universidade Nova de Lisboa, como Bolseiro da FCT, sob a orientação de Rui Vieira Nery e Cristina Fernandes. É fundador e director artístico do Ludovice Ensemble, um dos mais activos e prestigiados grupos nacionais de Música Antiga, membro do Réseaux Européen de la Musique Ancienne, e já com 18 anos de existência. Colabora com grupos especializados internacionais tais como Vox Luminis, Oltremontano, La Galanía, Capilla Flamenca, Collegium Musicum Madrid, Allettamento, entre outros. Em Portugal é também membro do Ensemble Bonne Corde e da Real Câmara Baroque Orchestra. Apresentou¬ se em vários festivais e inúmeros concertos em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Reino Unido, Irlanda, Noruega, Alemanha, Áustria, Polónia, Estónia, Bulgária, Israel, China e Japão. Toca com as orquestras Gulbenkian e Metropolitana de Lisboa, e foi membro da Académie Baroque Européenne de Ambronay (França), da Academia MUSICA de Neerpelt (Bélgica), e das orquestras barrocas da Casa da Música e Divino Sospiro, trabalhando sob a direcção dos maiores directores especializados. Gravou para a Ramée/Outhere, Brilliant Classics, Dynamic, Harmonia Mundi, Glossa Music, Parati, Anima & Corpo, e Conditura Records, bem como para as rádios portuguesa, espanhola, alemã e checa, e os canais televisivos Mezzo, Arte e RTP. Em 2019 apresentou um recital a solo dedicado à obra do compositor napolitano Giovanni Salvatore no prestigiante Festival Oude Muziek de Utrecht (Holanda); em 2021 um recital a solo homenageando Maria Bárbara de Bragança, com obras de D. Scarlatti e C. Seixas a convite do Património Nacional (Espanha); e, já em 2022, um recital e conferência sobre Froberger e L. Couperin a convite do Conservatório Superior de Badajoz, e outro de música portuguesa para cravo nos instrumentos Antunes do Museu Nacional da Música. Como organista destacam-se os recitais nos festivais de órgão da Madeira e de Viana do Castelo, na catedral de Tui, e na igreja de S. Vicente de Fora em Lisboa, entre muitos outros. Como maestro dirigiu grandes obras do repertório barroco como as Vésperas de Monteverdi, várias missas e cantatas de Bach, oratórias de A. Scarlatti, óperas de Lully, Charpentier e Bourgeois, bailados, óperas e motetos de Rameau, em salas como a Fundação Gulbenkian e o CCB, e os festivais especializados de Utrecht e Bruges. É o director artístico e pedagógico e professor da Academia Ludovice, curso e festival internacional dedicado ao ensino e divulgação das práticas históricas interpretativas da música, dança e teatro barrocos. É director musical e um dos tutores do curso de ópera barroca do centro musical Benslow, em Hitchin (Reino Unido) e convidado para dirigir os ensembles 258 (Lisboa), Mezzo (Tel-Avive) e o projecto Lisboa 1740 (Catalunha). Interessa-se particularmente por projectos transversais envolvendo dança, declamação e encenação históricas.

Fonte: https://em.guimaraes.pt/agenda/geo_evento/miguel-jaloto-claviorgao
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