Aldear Amarante
Gatão Igreja e Antiga Estação Ferroviária
7 maio 2023
Maria Zimbro com a comunidade local
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𝗢 𝗔𝗹𝗱𝗲𝗮𝗿 𝗲́ 𝘂𝗺 𝗲𝗻𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗼. O resultado dos processos criativos dá origem a partilhas públicas, através de percursos artísticos, espetáculos comunitários, oficinas de saberes e sabores, instalações e conversas. Memórias, tradições, saberes e sabores serão a matéria-prima deste projeto artístico multidisciplinar, de escala humana, centrado nas pessoas e na procura de um tempo diferente. Os encontros comunitários do Aldear concentram as apresentações públicas do resultado dos projetos artísticos participativos desenvolvidos nos últimos meses. A comunidade local junta-se às equipas artísticas em residência e convida o público a reunir-se para um dia de celebração e partilha. Reserve os domingos para aldear connosco.
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09:30 – Oficina de artes Um ponto acrescentado Igreja de Gatão (casa paroquial) Duração: 120 minutos
Dar importância à observação das nossas origens não é algo passivo, mas sim uma forma de comunicação recíproca entre os sujeitos. Através de palavras e momentos chave constrói-se, a partir da individualidade anónima de cada um, uma narrativa coletiva num todo social. Mais do que o resultado, o importante desta oficina é o processo que nos conduz a ela: planear o reconhecimento do património imaterial a respeito daquilo que nós somos com o mundo e com o outro, estimulando as memórias através de um ponto de vista artístico, materializando-o na ilustração e no desenho. Durante o trabalho com a comunidade são recolhidos materiais associados a Gatão, desde estórias, lendas, expressões, palavras, fotografias, vídeos, folhas, flores, que são trabalhados nesta oficina para criar narrativas visuais dos pontos que se acrescentam aos contos.
12:00 – Oficina de sabores Pelo sim, pelo não: vinhão Antiga Estação Ferroviária de Gatão Duração: 60 minutos
As vinhas que serpenteiam pela encosta de Gatão deixam adivinhar um dos seus produtos estrela: o vinho verde. E é também aqui que convivem dois tipos de vinho verde, que praticamente só partilham o nome: verde branco e verde tinto. Ao último há quem lhe chame o bastardo do vinho verde, mas possivelmente só até beber o primeiro copo. De um vermelho rubi profundo, tem uma aparência escura e uma consistência que se agarra aos copos onde é servido: tradicionalmente, chega à mesa em pequenas taças de barro. Uma prova de vinhos orientada para descobrir as subtilezas, os segredos e as diferenças de um vinho que foi (e continua a ser) produzido em casa, por famílias e para famílias.
13:00 - Mesa comunitária Antiga Estação Ferroviária de Gatão
14:30 – Oficina de saberes e sabores Quem tem pressa come cru Antiga Estação Ferroviária de Gatão Duração: 75 minutos
Talvez não exista na doçaria portuguesa um doce tão comum e tão distinto ao mesmo tempo. Não haverá região que não reclame as suas: as filhós. E como cada terra tem o seu uso, e cada roca tem o seu fuso, as receitas variam de acordo com o código postal. Em Gatão são de calondro, uma abóbora comprida, parecida com chila, mas melhor, segundo dizem. Nesta oficina de filhós de calondro não se trata apenas de conhecer as quantidades que compõem a receita, mas também de descobrir a quantidade de voltas que a massa precisa para alimentar o estômago e a alma. Até porque já dizia a canção: que faz filhós, fá-las por gosto.
16:00 – Percurso artístico Quem conta um conto? Igreja de Gatão > Capela de Nossa Senhora do Vau (margem do rio Tâmega) Duração: 75 minutos
Quando o comboio e as guigas deixaram de chegar a Gatão, ficaram as histórias, alojadas nas memórias que as transportavam. Este percurso recria alguns dos lugares que foram perdendo a sua função, transformando-se em pontos simbólicos, algo mudos, mas a transbordar de estórias. Pedem-nos, por umas horas, ouvidos atentos, olhos abertos e bocas disponíveis para que voltem a ser parte da história das raparigas que se escapavam para os bailes, dos rapazes que roubavam beijos e até das cantorias que aligeiravam o trabalho. São episódios que explicam outros tempos, outros costumes, outras vidas. Durante o percurso emprestamos-lhes não só ouvidos atentos, mas também a oportunidade para que fiquem registadas, não só na memória, e levá-las à boleia até à beira do rio, como dantes. Saindo da igreja, a nossa romaria vai em busca de histórias que alimentem o nosso comboio, algumas serão contadas na primeira pessoa, outras, mais debilitadas, precisarão de ajuda de gente nova que lhes possa dar voz.
17:30 – Criação comunitária Dos contos se faz a viagem Igreja de Gatão Duração: 60 minutos
Quem conta um conto, acrescenta um ponto, e é este o momento de acrescentarmos tudo o que fomos recolhendo e construindo em conjunto. Das histórias aos desejos de futuro, expomos, em forma de performance visual, o resultado do trabalho comunitário realizado, e onde todos os integrantes e parceiros são convidados a participar. Nesta performance desenrolam-se as histórias apanhadas aqui e ali, misturadas com as texturas de Gatão, e, porque é de festa a ocasião, acompanham-nos os bombos e as cantorias, e nem faltará um pé de dança. Com o resultado da oficina e do percurso constrói-se um mural visual narrativo, que será acompanhado por uma roda de histórias. A viagem das histórias, na realidade, não termina aqui. Agora que regressaram às bocas de muitos e se aninharam em novas memórias, prometem viver de novo de boca em boca. Entranham-se no ar e escorrem até às vinhas, e algum dia as encontraremos a boiar no bom vinho de Gatão. À vossa!
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𝗢 𝗔𝗹𝗱𝗲𝗮𝗿 𝗲́ 𝘂𝗺 𝗲𝗻𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗼. É um encontro com o tempo. Um encontro com escuta, silêncios e poesia. É um encontro com a memória. Um encontro com saberes, sabores e rugas. É um encontro com a estética. Um encontro com pedras, patines, cicatrizes e texturas. É um encontro com o futuro. Um encontro com caminhos, percursos e rastros.
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