Bosco deleitoso LANÇAMENTO | 9 fev. '23 | 17h30 | Auditório | Entrada livre Obra de literatura de espiritualidade, de acentuado cunho monástico, o Bosco deleitoso foi editado nos começos do século XVI, uma única vez, e não tem qualquer tradição manuscrita conhecida. Este grande texto encerra ainda alguns mistérios, a começar pelo título: Bosco deleitoso, assim traz o impresso por Hermam de Campos em 1515. Mas esse mesmo impressor, no cólofon do livro, dá-lhe o título de Bosco deleitoso solitário. Qual seria o título que trazia o manuscrito de que se serviu o «bombardeiro del-rei» para o seu trabalho? E um mistério envolve também o autor, um anónimo que merece ser ponderado. Quanto a datação, a estar correta a nossa interpretação, o Bosco deleitoso terá sido escrito depois de 1401. Como limite, poderemos considerar 1433, ano da morte de João I, o rei sob cuja sombra se passaram os factos relacionados com Frei Vicente de Lisboa que permitem inferir aquela data. O Bosco deleitoso apresenta-se como um grande tríptico sobre a vida contemplativa. Quinze capítulos iniciais (I - XV) - são como que o seu primeiro retábulo - sobre a vida atual de um pobre de virtudes e mesquinho pecador, rico, que, em determinado momento, se manifesta arrependido e desejoso de mudar de vida. Cem capítulos (XVI - CXVI) que são quase uma tradução, por vezes abreviada, muitas vezes adaptada, do De vita solitaria de Francesco Petrarca, formam o elemento central, que se completa por uma série de capítulos que não pertencem - ou não pertencem inteiramente - à obra do recolhido de Vaucluse. Os cerca de quarenta capítulos finais (CXVIII - CLIII) formam o terceiro retábulo do tríptico em que se nos põe diante a prática - ora et labora - do monge..., a contempraçom das cousas celestriais..., a sua morte e subida ao Paraíso..., tudo debuxado demoradamente. O tempo do Bosco deleitoso é um «tempo longo». José Adriano de Freitas Carvalho Sobre os editores: José Adriano de Freitas Carvalho é professor catedrático aposentado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Sócio de Número da Academia das Ciências de Lisboa, tem dedicado a sua investigação às correntes da história de espiritualidade e da cultura na Península Ibérica entre os séculos XV e XVII. Luís Fernando de Sá Fardilha é professor auxiliar aposentado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigador integrado do grupo de investigação I «Sociabilidades e práticas religiosas» do Centro de investigação transdisciplinar "Cultura, Espaço e Memória" (CITCEM). A sua investigação principal centra-se na História da Literatura e da Cultura portuguesas da época do Renascimento, interessando-se, ainda, pelas temáticas da literatura de espiritualidade e da história do livro e da leitura. Maria de Lurdes Correia Fernandes é professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora integrada do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto. É autora de diversos estudos, incluindo livros, capítulos de livros e artigos, sobre temas de cultura e de espiritualidade dos finais da Idade Média e da Idade Moderna, com especial foco na relação entre pensamento, modelos e práticas do comportamento moral e social e sua expressão literário-doutrinal.