Motobody.zip Curated by Eva Slabá
With: Diana Barbosa Gil, Francisco Narciso, Francisco Trêpa, Gabriel Ribeiro, Manon Harrois, Manuel Tainha, Mia Dudek, Nádia Duvall, Pauline Guerrier, Tomás Jones
Opening: 26th January 2023 | from 6 pm
Just as the space of the former car showroom and repair shop was once used to exhibit and work with the technical innards of vehicles, this winter, from January to March, Galeria Foco is transformed into an experimental space for presenting various ways of exploring the body and, by extension, the mind – psychosomatics as the backdrop for the exhibition project.
The two floors connected by a car lift host ten international artists whose works feature contemplative, exploratory, imaginative or performative acts of passage into, through or, in some cases, out of the human body. The technicality of the space encourages the artworks to be situated as the results of intimate explorations using a wide range of media: on the one hand, there are pieces that operate with specific body parts or organs, and on the other hand, pieces that deal with the theme of the body on a more subliminal basis; that means with references to innovation, technology, mutations or, on the contrary, a return to ahistorical, naturally valid, gestures.
Corpoliteracy (or reading the body) is interested in the way in which value systems, social practices and mechanisms that lead to attributions, constraints and exclusions emerge. As philosophical anthropologist Francois Flahault points out – the tension of perceiving one’s own body is created between our desire for absolute self-affirmation and the fact that each of us can only exist through mediation by others. However neuroscience has in recent decades emphasised a new view of the kinship between mind and body. Specific neurotransmitters carry emotional messages that alter the chemistry of the body’s cells, meaning that what happens in mental states also happens in the physique. This new bodily grammar could thus constitute a different kind of awareness of the body, a corporeal awareness.
In these assumptions, the artworks are seen as acts of translating corporeal awareness into words (.txt), into sounds (.mp4), into images (.jpg), into videos (.mov), into objects (.fbx), into space (.dwg), into arrangements (.pdf). In the same way that the internal parts of a car resemble the human body, where one component is both primarily essential and a transformer of another, the artworks in this exhibition project figure as literal and metaphorical forms that invite the visitor to be plugged into the same circuit; a network of relationships. One’s own bodily experiences and narratives serve as fertile ground from which grows the quest – a questioning of the raw/staged,private/public, unique/common. Motobody.zip as the materialisation of one of the possibilities of how to represent the human bodily condition in contemporary life.
Let us therefore turn to the sensory and intimate archives of our own bodies. What happens when these individual archives meet? What happens when different human bodies hum together?
Let that engine of yours roar.
——————————————————
Motobody.zip Com curadoria de Eva Slabá
Com: Diana Barbosa Gil, Francisco Narciso, Francisco Trêpa, Gabriel Ribeiro, Manon Harrois, Manuel Tainha, Mia Dudek, Nádia Duvall, Pauline Guerrier, Tomás Jones
Inauguração: 26 de Janeiro de 2023 | a partir das 18 horas
Tal como o espaço do antigo stand e oficina de reparação de automóveis foi outrora utilizado para expor e trabalhar com as entranhas técnicas dos veículos, este Inverno, de Janeiro a Março, a Galeria Foco transforma-se num espaço experimental para apresentar várias formas de explorar o corpo e, por extensão, a mente – a psicossomática como pano de fundo para o projecto de exposição.
Os dois andares ligados por um elevador de automóveis acolhem dez artistas internacionais cujas obras apresentam actos contemplativos, exploratórios, imaginativos ou performativos de passagem para, através ou, em alguns casos, para fora do corpo humano. A tecnicidade do espaço encoraja as obras de arte a serem situadas como resultado de explorações íntimas utilizando uma vasta gama de meios: por um lado, há peças que operam com partes ou órgãos específicos do corpo, e por outro lado, peças que tratam do tema do corpo numa base mais subliminar; isto significa com referências à inovação, tecnologia, mutações ou, pelo contrário, um regresso a gestos ahistóricos, naturalmente válidos.
A co-politeracia (ou leitura do corpo) está interessada na forma como surgem sistemas de valores, práticas e mecanismos sociais que conduzem a atribuições, constrangimentos e exclusões. Como salienta o antropólogo filosófico François Flahault – a tensão de perceber o próprio corpo é criada entre o nosso desejo de auto-afirmação absoluta e o facto de cada um de nós só poder existir através da mediação de outros. No entanto, nas últimas décadas, a neurociência tem enfatizado uma nova visão do parentesco entre a mente e o corpo. Certos neurotransmissores transportam mensagens emocionais que alteram a química das células do corpo, o que significa que o que acontece nos estados mentais também acontece no físico. Esta nova gramática corporal poderia assim constituir um tipo diferente de consciência do corpo, uma consciência corpórea.
Nestes pressupostos, as obras de arte são vistas como actos de tradução da consciência corpórea em palavras (.txt), em sons (.mp4), em imagens (.jpg), em vídeos (.mov), em objectos (.fbx), em espaço (.dwg), em arranjos (.pdf). Da mesma forma que as partes internas de um automóvel se assemelham ao corpo humano, onde um componente é simultaneamente essencial e um transformador de outro, as obras de arte nesta exposição figuram como formas literais e metafóricas que convidam o visitante a ser ligado ao mesmo circuito; uma rede de relações. As próprias experiências corporais e narrativas servem de terreno fértil a partir do qual cresce a busca – um questionamento do bruto/processado, privado/público, único/comum. Motobody.zip como a materialização de uma das possibilidades de como representar a condição corporal humana na vida contemporânea.
Vejamos, portanto, os arquivos sensoriais e íntimos dos nossos próprios corpos. O que acontece quando estes arquivos individuais se encontram? O que acontece quando diferentes corpos humanos vibram juntos?
Deixem esse vosso motor rugir.