Última ‘Fim de Emissão’ assumidamente caótica. Juntar três músicos que sob um manto alargado da electrónica procuram um caminho demasiado singular e pessoal. São talvez mais os pontos que os distinguem musicalmente do que aqueles que os une. Aí radica o desafio. É possível juntar o que aparentemente se encontra tão distante? Como manter equilíbrios, uma vez que um mero exercício de justaposição está fora de questão? E se os concertos forem três entidades estanques e valerem por si mesmas? Da electrónica em modo ambient de Tam, passando pelos sons mais abrasivos e pontiagudos de Feromil, ao footwork de W.T.V.R. haverá de tudo um pouco. Assemelha-se a um bolo rei, mas não haverá brindes e a fava já nos calha todos os dias.
TAM | Dizem que julgar em causa própria é complicado, porém, neste caso concreto, a sentença foi célere e apropriada. Eu, Tam, num esforço para poupar tempo à justiça, declarei-me como o único culpado do conteúdo desta obra. As ‘Seis Elegias Para O Hemisfério Noite’ foram compostas entre 2019 e 2021, numa espécie de retiro criativo no Alto Minho, ali para as bandas de Moledo. As influências foram o Atlântico na ponta do nariz, o monte de Santa Tecla no canto do olho e as estrelas na testa, porém, quando chegou a hora do baptismo, o fiel da balança pendeu para as constelações. Tudo em latim, pois assim ordenam os astrónomos e a minha particular estima por línguas mortas. Quanto ao estilo, cabe-me dizer que as peças são essencialmente música ambiental com odor a maresia, ou então drones (zumbidos) densos como o nevoeiro nocturno tão típico daquela zona do país. Se preferirem, podem também ficar com a definição que o meu amigo Miguel deu há uns tempos, quando escutou o álbum pela primeira vez: ‘Isto é uma cena post-rave para gente cansada.’ Gostem ou desgostem, o trabalho está feito… http://wasserbassin.com/site/product/tam-seis-elegias-para-o-hemisferio-norte-lp
FEROMIL | Sons agrestes e gritos de aço. Algo como uma música tecno com denominação de origem – siderurgias e fábricas de aço. Transe pós-industrial? https://soundcloud.com/feromil | https://dailymotion.com/video/xdes6s | https://youtube.com/watch?v=jWiEu3wJ6r8 | https://youtube.com/watch?v=EDrBqbiQWSw
W.T.V.R. | É acrónimo para ‘when the void recalls’.Nome artístico do projecto musical de Arthur ‘O. Supimpa’, jovem brasileiro, crescido em Carcavelos, tatuador de paixão, há 11 anos. Em 2018 após um período depressivo, decidiu não perder mais tempo. Começou a estudar, por conta própria e com amigos. Noise modular e ambient, através do “vcv rack” com outras ferramentas digitais e analógicas. Descobriu na música, e nas ondas sonoras, várias frequências, vários ritmos, capazes de ajudar nos seus momentos mais difíceis. Daí o trocadilho comum W.t.v.r.v.t.w. - when the void recalls; venture through waves/venture the werkz. Sendo o segundo dedicado ao footwork de Chicago, onde encontrou uma grande comunidade espalhada pelo mundo. Este ano teve o seu primeiro set público, na rádio Oxigénio, no ‘Pressão sonora’. Alguns dos seus temas já passaram na “https://bff.fm/” e na “http://komrad.net/”, rádios sediadas na Bay Area (Estados Unidos) e em Birmingham (Reino Unido). A sua primeira edição está iminente (03 de Janeiro de 2023), no vol.3 da compilação da label sérvia “Nü Kvlture”. Tema de ritmos que vão do footwork ao jungle, próprio para uma rave. Se houver footwork anunciado em Portugal podem encontrá-lo na pista. Ou nos decks, com uma coleção invejável, de juke, footwork, e jungle que passa por todo o mundo! https://soundcloud.com/wtvr-vtw | http://www.mixcloud.com/wtvr-vtw | https://www.instagram.com/wtvr.vtw
Entrada | 04 euros (exlusivo a sócixs do Desterro)