A Fome e outras Frieiras
Exposição individual de José Feitor
Inauguração 2 de Dezembro às 18h00
Horário de visitas: quarta a sábado 17h00 — 20h00
Corrente / Rua Passos Manuel 99A, Lisboa
A Corrente apresenta a exposição individual de José Feitor, A Fome e outras Frieiras, a propósito do lançamento do opúsculo A História da Fome. São cerca de 30 serigrafias e desenhos criados ao longo dos dois anos de gestação da edição. Obra filofágica por necessidade, a História da Fome sofre da ambição de querer explicar a essência de uma das mais famigeradas facetas da natureza humana: a sua infindável inclinação para tudo deglutir.
Transformada em metáfora e signo, a ração impôs-se nas relações sociais e nos negócios de Estado. O pecúlio alimentar – chamemos assim a toda a mercadoria consumível – é exibido como totem pelos chefes, sacerdotes e outros figurões. A canalha segue-lhes o exemplo e ruma em magotes aos restaurantes pronto-a-comer, tendo elevado o bufete à condição de templo e espécie de Cocanha. Sentir fome, na acepção de ter o corpo à beira da falência por falta de alimento, tornou-se inconcebível por se encontrar fora do âmbito da experiência quotidiana. O receio da míngua de alimentos não tem correlação objectiva com a sua escassez ou abundância. Trata-se de uma mania universal. A gana não cessa pois é impossível saciá-la. […] Estar gordo, ou melhor, ser gordo, é a mais inflamada manifestação de plenitude vital. É produto do culto da abundância e dessa inclinação milenar para venerar o que queremos comer, desde refrigerantes e enchidos a automóveis e sistemas de ar condicionado.
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