M/06 Entrada Gratuita
Carlos Garcia - piano Catarina Rodrigues - sintetizadores Marco Santos - composição, bateria e eletrônica Nuno Cruz - téc. de som
Sinopse: “Gostaria, nestas breves palavras, de vos apresentar sucintamente o músico Marco Santos e o seu disco Evocations, que agora se mostra ao vivo. Mas é difícil resumir as virtudes musicais quer de um, quer de outro, nesta meia dúzia de linhas. Conheço o Marco há muito tempo e direi apenas que se trata de um músico de vastos predicados, um multi-percussionista virtuoso, um pianista inspirado e um compositor visionário. Quem se sentar na plateia poderá conferir estes atributos; quanto a mim, prefiro não desperdiçar espaço com adendas curriculares. Falemos antes da música que se oferece aos vossos ouvidos. Se eu quiser escolher um aspecto que sobressai na minha audição, acho que escolho a tranquilidade que atravessa a generalidade dos temas, que por vezes remete para uma percepção quase cinemática do tempo. Acho que para isso contribui uma certa estabilidade das propostas temáticas, quer a nível rítmico quer a nível melódico-harmónico. Estes caminhos são territórios que se estendem generosamente à nossa frente, vãos amplos, largas planícies, grandes lagos, e essa dimensão parece vir da repetição, repetição de estruturas rítmicas, de encadeamentos harmônicos, de contornos melódicos. Depois surge a vida que se destaca entre caniços, ou giestas, ou discretas aglomerações rochosas. Um voo rápido ou um planar prolongado, uma inspiradíssima melodia, uma luz que se refracta com novas cambiantes aparentemente inocentes, mas que transportam a narrativa para outras paragens. Falamos de uma espécie de imobilidade nómada, algo que se desloca com lentidão, como que em levitação de paisagem em paisagem, que se desequilibra aqui e ali com incidentes não invasivos, como que para manter o fluxo de um fio contemplativo que nunca se enrodilha sobre si próprio. Chegamos a ter cinema, ainda que sem imagem física... E assim navega este navio de porto em porto, sem pressa, sempre num cuidado com quem ouve, num compromisso com a beleza do mundo, sublinhada, desconstruída, surpreendida, desenhando a nossa rota com a majestade das epifanias.” - João Lucas