Nos próximos dias 12 e 13 de Outubro (quarta e quinta-feira) serão apresentados, na Livraria Térmita, os filmes "A Pedra Triste" e "Salve, Arcádia!" do realizador grego Filippos Koutsaftis.
Os filmes serão apresentados por Rosa Salvado Mesquita e Graça Magalhães.
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«Recordar é um acto criativo» «O Tempo é um estado: é a chama que alberga a salamandra da vida humana» - Andrey Tarkovsky
Vestígios do que foi, que já não é, fantasia silenciosa do que desapareceu, dos testemunhos do descaminho e da morte de uma cultura e de sentimentos que nos ligavam a ela, às coisas e lugares em que se inseriam.
Através de uma visão/narração muito poética, estes dois documentários apresentam uma reflexão sobre um património que nos pertence a todos e uma evolução social que cruza memória e desenvolvimento.
Os seus filmes tratam mais da construção da memória do que da sua manutenção, porque, como diz Tarkovsky, o realizador «sabe ir além dos limites da lógica coerente e transmitir a complexidade profunda e a verdade das ligações inefáveis e dos fenómenos escondidos da vida».
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Biografia Filippos Koutsaftis (1950) nasceu no monte Pélio, no sul da Tessália, Grécia Central, na aldeia de Zagorá, uma varanda sobre o mar Egeu. Engenheiro Mecânico de formação, estudou Cinema em Atenas. Iniciou a sua actividade no cinema em 1977, inicialmente como assistente de realização e, a partir de 1983, como director de fotografia, que é a profissão que declara exercer. Foi director de fotografia de inúmeros filmes, designadamente «Os Filhos de Cronos», de Giorgos Korras, e da primeira longa metragem de Dimos Avdeliodis, «A árvore que magoámos», entre muitos outros para a televisão, sobretudo documentários. Trabalha igualmente como técnico de iluminação em teatros e museus.
Filmografia: 1987 Semnon Theon (Deuses recatados) – curta metragem. 1988 Mia mera me ton Minoa (Um dia com Minos) – curta metragem 2000 A Pedra Triste 2007 To. Ra. Ke. – curta metragem 2015 Salve, Arcádia!
Os seus filmes foram distinguidos, nomeadamente, pela Associação Grega de Críticos de Cinema e o Festival Internacional de Cinema de Salónica.
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Sobre "A Pedra Triste":
«Porquê este filme? – Porque é raro o cinema abraçar assim as profundezas da Terra. Bastante raro abraçá-la com tal ternura e obstinação — doze anos de filmagens ocasionais mas tenazes no sítio arqueológico de Elêusis — agarrando tudo o que sobrevive dos mistérios idos, cidades inumadas, vidas inumadas. Filippos Koutsaftis concebe o cinema como uma arte da sobrevivência, como arqueologia no sentido próprio. Mas a arqueologia é um campo de batalha, não meras escavações. O realizador está consciente de que o que sobrevive conheceu um litígio permanente: o que sobrevive para aniquilar a memória (as refinarias e a petroquímica, o asfalto na Hierá Hodós, a Via Sagrada), contra as quais os vivos lutam para que algo possa nascer de novo, como acontece com aquele homem que vagueia entre as pedras e cuida delas como se de crianças feridas se tratasse. E tudo isto orientado por uma sucessão de imagens tão simples e palavras tão profundas que fazem deste filme um poema único magnífico.»
- Georges Didi-Huberman.
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Imagem: Detalhe de um fotograma de "Salve, Arcádia!".