Double Days é uma colaboração entre Miguel Refresco e Rui Pinheiro, um projeto artístico que celebra a coincidência de duas viagens muito semelhantes que os dois autores fizeram nos Balcãs, separadas por quatro anos de distância. Para a criação deste novo corpo de trabalho, os artistas encenam um diálogo entre as suas imagens, uma conversa que estabeleça novas relações e seja capaz de fundar outros significados, reveladores de um campo emocional comum que estabeleceram, de forma independente, com um território que permanece, aos seus olhos, por traduzir. Entre os dois conjuntos de imagens que trazem para esta conversa, Miguel Refresco e Rui Pinheiro reconhecem a coincidência desta ininteligibilidade, uma distância rumorosa entre o seus olhares e uma paisagem banal e quotidiana que ainda treme com o fragor da história e ostenta as cicatrizes da guerra e das convulsões naturais da Terra. Double Days é também uma história de suspensão e contingência, que nos fala de um significante que ainda não encontrou significado, de uma luva que não encontrou a mão. O que é um país? O que faz uma fronteira? Não há uma resposta, não há resposta. Estas são linhas e ideias totalmente abstratas que determinam um ânimo e uma marca, que sugerem uma presença fantasmagórica sobre um território diverso e recortado por hábitos, paixões e frivolidades humanas. Independentemente da sua história tumultuosa e da beleza pungente das suas paisagens, as imagens dos fotógrafos falam-nos de países e gentes normais, de vidas comuns, de pessoas à procura do sol. Ainda assim, são imagens que interrogam sempre o contracampo, que sugerem uma ideia maior: apresentam-se como projeções simplificadas de uma realidade feita das mastigações da