"Não conhecia esta cor!" - pensei eu e muitos outros quando tropeçámos sobre aquela pincelada e o outro traço.
Nestes confrontos, uma mancha tocava a outra e daí se surgiam uns rasgos, como que raios de uma distante trovoada, dos quais refratavam luzes desconhecidas. Essa cor, entrelaçada entre colinas e vales de riscos, não gritava por protagonismo. Era furiosamente altruísta, um fio fundamental de uma tapeçaria sem fim. Era esta um tom, aquela nota que nos meados de uma épica orquestra virava do ruído para a música. Quando encontrava esta cor entre tons de castanho, e por vezes cinzento, esta me abria os olhos: aquilo que antes me era pálido ou escuro, agora me sussurrava o seu brilho, como se de um segredo se tratasse.
Inúmeras vezes a sua voz profunda me tocou os ouvidos com uma brisa ardente e me falou, com a força de placas tectónicas ou outros comparáveis colossos: "Assim me diluo para além do mundo e abro mão para o que está, e o que há de vir."
A partir da próxima quinta-feira (dia 11), às 19h, esperamos ouvir de novo este canto. Estaremos no Útero à sua espera.